Perto de três dezenas de mulheres bracarenses aderiram ao desafio lançado por várias entidades, como a APAV ou a Liga de Bombeiros Portugueses, e fizeram “um minuto de barulho para lembrar as vítimas de violência doméstica”.
O grupo “Mulheres de Braga”, nascido em forma de lobby para pressionar os legisladores a alterar algumas leis na prevenção da violência doméstica, não teve medo à chuva e concentrou-se no Largo de Maximinos para o “minuto de barulho”.
Mas não foi só este grupo que aderiu a esta causa. Algumas instituições minhotas solidarizaram-se com a iniciativa como foi o caso dos Bombeiros Voluntários das Taipas, que soaram as sirenes durante um minuto.
Também os Bombeiros Voluntários de Braga estiveram solidários com a causa.
O grupo Mulheres de Braga pediu ao Parlamento que “pense e renove medidas prioritárias” de “prevenção e protecção” das vítimas, reforçando que este é um “problema epidémico” que “requer conjugação de esforços”.
Em declarações à Lusa, uma das responsáveis pelo grupo na rede social Facebook criado a propósito do assassinato de uma mulher em frente ao Tribunal de Braga às mãos do ex-companheiro, explicou ter sido lançada a petição “Basta de nos matarem” no dia 20, que, às 16:30 desta quarta-feira, ultrapassava as 1.880 assinaturas.
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“O Governo, a Assembleia da República, os Tribunais não podem ficar alheios ao flagelo que está a atingir Portugal e que é necessário aplicar as leis já existentes e não fechar os olhos”, disse Emília Santos, lembrando que desde janeiro já morreram mais de 30 mulheres vítimas de violência doméstica.
Petição
Entre as medidas presentes no texto, estão acções como o “reforço da formação dos agentes judiciários e dos serviços sociais de apoio aos tribunais e criação de tribunais mistos (criminal e família e menores) especializados para julgar todas as questões relacionadas com a prática deste crime, num processo único”.
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Pede-se também “a criação de mecanismos de efectiva aplicação da Convenção de Istambul, designadamente quanto à proteção da vítima após a denúncia, criando planos de segurança e seu acompanhamento ao longo do processo” e a promoção de “medidas legislativas que assegurem a segurança da vítima e seus filhos durante o processo, designadamente mediante aplicação de medidas de coação eficazes que efectivamente as protejam do agressor e lhes permitam manter-se na sua residência”.
Para o Mulheres de Braga, é também importante “aprovar a aplicação do Estatuto de Vítima especialmente vulnerável às crianças que testemunham situações de violência entre os seus progenitores e outros familiares”, assim como a “protecção das crianças vitimas directas ou indirectas de violência e abuso sexual com medidas de apoio à família e à mãe, suspendendo-se os contactos com o agressor até ao fim do processo-crime”.
“Já morremos mais de 30. Quantas mais temos que morrer até que seja realmente feita alguma coisa, até que quem nos começa por bater saiba que este é um crime que não compensa”, questionou Emília Santos.