Um grupo de pais de alunos da escola de ballet de Ponte da Barca está contra a mudança do local das aulas da Casa da Cultura para o edifício das piscinas municipais, pedindo à câmara a reversão da decisão.
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, os encarregados de educação dizem estar indignados com a mudança de instalações e “preocupados com a continuidade da escola de ballet de Ponte da Barca”.
A informação da mudança da escola de ballet da Casa da Cultura, onde funciona há quase 10 anos, para “instalações específicas disponibilizadas no complexo de piscinas municipais” foi publicada na página oficial da autarquia no Facebook no dia 02.
“Esta mudança está a gerar preocupação entre os encarregados de educação e alunos da escola, mas também na comunidade, que temem o impacto negativo que esta transição possa ter na qualidade do ensino e no bem-estar dos alunos, considerando que o espaço não reúne as condições necessárias a esta prática”, sustentam os pais.
A Lusa contactou a vereadora da Cultura da Câmara de Ponte da Barca, Rosa Arezes, que remeteu a posição do município para um esclarecimento publicado na terça-feira no Facebook.
Na publicação, a autarquia justifica a mudança com “o aumento muito significativo do número de alunos que vão frequentar os ensinos livre e articulado de música, assim como ao alargamento da oferta formativa aos instrumentos tradicionais”.
“A homologação da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) para o funcionamento do ensino articulado de música em Ponte da Barca teve por base uma candidatura em que se lhe alocava as instalações da Casa da Cultura, não podendo, por isso, este serviço ser deslocalizado. A hipótese de mudar outras valências do ensino de música não é sustentável em termos de gestão adequada dos recursos humanos e dos instrumentos, muito menos sob o ponto de vista pedagógico”, adianta o esclarecimento.
Os pais alegam que “não são conhecidas as reais necessidades destas duas tipologias de ensino em Ponte da Barca, nomeadamente se existe, à data, um aumento do número de alunos nas duas vertentes que justifique o aumento das valências na Casa Cultura, estando inclusivamente a decorrer o período de inscrições para o ensino livre”.
“Não é também conhecida a razão pela qual o ensino articulado de música não decorre nas instalações do agrupamento de escolas de Ponte da Barca”, observam, referindo que, “paralelamente à oferta de ensino livre e articulado de música assegurado no ano letivo transato, pela Academia de Música de Vila Verde, quando o município tem uma escola de música há mais de três décadas e cuja docente principal é funcionária da autarquia”.
Os encarregados de educação apelam à autarquia para reverter a decisão, argumentando que a mudança da escola para as piscinas municipais “levanta questões sobre a adequação do espaço e a continuidade do programa educativo e artístico que a escola de ballet oferece há quatro décadas” e cujas aulas começam a 01 de outubro.
Contactada pela agência Lusa, a professora de ballet Maria João da Silva classificou como “gravíssimo” que os pais “não tenham sido ouvidos e de terem sido informados da decisão através do Facebook”.
A professora adiantou que o espaço no edifício das piscinas “não detém as condições necessárias à prática de ballet” e sublinhou que “a Casa da Cultura foi criada para o ensino de ballet e música, como consta do regulamento de funcionamento publicado em Diário da República, em novembro de 2015, tendo sido construída com financiamento comunitários”.
“Eu recuso-me a sair da Casa da Cultura. Mesmo com a Academia de Música de Vila Verde e com a escola de música do município é possível as três valências funcionarem no mesmo espaço. Aliás, no último ano letivo foi possível”, sublinhou.
Maria João Silva adiantou que a autarquia convocou uma reunião com os encarregados de educação para sexta-feira, às 18:00.
A autarquia garante que o novo espaço “integra uma sala reformulada (piso, pintura, iluminação e decoração), apresenta condições adequadas para a prática desta atividade, para além de uma área que funcionará como apoio, nomeadamente para guarda-roupa e armazenamento de material diverso”.
“Proporciona ainda maior comodidade e segurança, em termos de mobilidade”, refere, lamentando que a senhora professora de ballet “se recuse a dar continuidade ao seu trabalho em instalações que não sejam na Casa da Cultura, obrigando, assim, a autarquia a desenvolver diligências para que a escola de Ballet de Ponte da Barca continue a funcionar no corrente ano letivo, mediante a contratação de outro(s) professor(es) de reconhecida competência e qualidade”.