Morreu, esta segunda-feira, aos 86 anos, Amélia Morais, conhecida como “Melinha”, a mais famosa adepta do SC Braga.
Famosa no mundo inteiro entre os adeptos de futebol, “Melinha” tinha nove anos quando assistiu ao primeiro jogo do SC Braga, quando ainda o campo era de terra.
“Nasci na Ponte S. João e o campo onde o Braga jogava era em terra e ao pé do pavilhão Flávio Sá Leite, as tribunas eram de madeira. Naquele tempo, em Braga, muita gente andava descalça”, relembrava Amélia, em entrevista a O MINHO, sobre o longínquo ano de 1945. “As pessoas esquecem-se, mas eu sou do tempo da tuberculose, da II Guerra Mundial, e ainda me lembro de ouvir falar do Sidónio Pais. O primeiro calçado que apareceu nesta cidade eram umas solas de madeira com um tacão grosso. A partir daí, quem andasse descalço pagava uma multa de 5 coroas”.
Amélia era uma das filhas de uma família numerosa residente na Ponte S. João. Assistia aos jogos do SC Braga acompanhada do irmão mais velho, até conhecer o seu marido e, no ano de 1960, com 24 anos, casar, sem nunca ter filhos.
O esposo era um adepto fervoroso do clube da cidade dos arcebispos. O amor, que nutriam um pelo outro, elevava-se nas bancadas do estádio de futebol, nas idas aos jogos, na celebração de cada golo: “Lembro-me muito do meu marido, sempre fomos muito unidos. Ele era um sócio mais antigo do que eu, e o futebol começou com ele. Era a nossa paixão”.
Em 1966 celebraram juntos a conquista da Taça de Portugal. “A primeira Taça de Portugal que o Braga ganhou foi um momento lindo! Um dos momentos mais felizes da minha vida e da vida dele”, contava.
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Viajou o mundo a reboque do clube. Nos armazéns de Liverpool conheceu os Beatles e dançou o twist ao som da banda. “Amélie! Amélie!”, ouviu deitada na cama do hotel, o chamamento uivado das ruas britânicas. “Eram os ingleses, os adeptos do Liverpool a chamar-me. Eu fui à varanda e disse-lhes I love you, bye-bye, thank you a lot. Eram muito engraçados”.
O seu grande sonho era ver o Braga campeão.