O presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira considerou hoje a morte de José Rodrigues uma “perda irreparável” para Portugal e para o concelho, onde o escultor foi um dos fundadores da Bienal Internacional de Arte.
“Para Vila Nova de Cerveira e, em termos culturais, é uma perda irreparável. É um dos homens mais ligados aos símbolos de Vila Nova de Cerveira. É um grande amigo de Vila Nova de Cerveira, apesar de não ser natural de Vila Nova de Cerveira era cerveirense de alma e coração”, afirmou à Fernando Nogueira.
O presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira falava à margem da visita do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Ponte de Lima.
Fernando Nogueira destacou que o concelho tem como símbolo a escultura em ferro “O Cervo”, de José Rodrigues, no alto do monte do Crasto, mas também “muitas outras obras do mestre”, que esteve ligado à Bienal de Vila Nova de Cerqueira, a mais antiga do país, que se realiza desde 1978.
“Foi um dos pais da nossa bienal, bienal que colocou Vila Nova de Cerveira no mapa e como tal, para nós, será sempre lembrado com muito carinho, com muita estima e muita saudade”, referiu.
José Joaquim Rodrigues nasceu em Luanda, Angola, a 28 de outubro de 1936 e estudou escultura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Entre as suas obras, uma das que se destaca é o cubo da Praça da Ribeira, no Porto.
Em 2011, o escultor foi homenageado na abertura da edição daquele ano da bienal, cerimónia que contou com a presença do então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
As origens da bienal remontam a 1978. Nesse ano, Vila Nova de Cerveira começava um caminho que a tornaria mais tarde na “vila das Artes”, não sem antes passar pela polémica de realizar uma exposição numa pequena vila do Alto-Minho, logo na primeira edição, com vários nus artísticos.
“Foi um choque para aquela gente”, admitiu na altura o escultor José Rodrigues.
Entre esses “choques” iniciais conta-se uma artista francesa que apareceu nua num jardim a comer flores ou a portuguesa Jacinta Candeias que mostrou os seios, com o resto do corpo coberto por um pano. Numa outra altura, a GNR entrou pelo pavilhão e acabou com a performance de um artista que representava S. Sebastião, com nu integral.
“Lembro-me bem de tudo isso. Foi um grande choque como novo evento cultural. Um choque a todos os níveis, porque as pessoas não sabiam que aquilo era arte e na altura era uma terra muito pequenina”, recordou o escultor, também conhecido por “mestre Zé Rodrigues”.
Valeu, contou ainda na altura José Rodrigues, a “teimosia” de Jaime Isidoro, agarrando o desafio do autarca Lemos Costa e internacionalizando aquela que é hoje a mais antiga bienal de arte do país.
No currículo José Rodrigues tem exposições em domínios criativos como desenho, cenografia, medalhística, cerâmica, gravura e sobretudo a escultura, de São Paulo, a Viena, passando por Madrid, Veneza, Budapeste e Washington, ainda por Bremen, Düsseldorf, Kassel, Índia, Luxemburgo, Tóquio ou Macau.
Fique a par das Últimas Notícias. Siga O MINHO no Facebook. Clique aqui