O presidente do PSD ouviu hoje queixas de reformados em Setúbal, que disse compreender, mas defendeu que a mensagem de confiança que tem procurado transmitir aos mais idosos tem passado durante a campanha.
Numa ação de campanha no Mercado do Livramento, em Setúbal, Luís Montenegro recebeu palavras de apoio, mas também queixas de várias pessoas, sobretudo reformados e antigos combatentes pelas reformas baixas ou dos cortes que foram feitos durante a liderança de Pedro Passos Coelho, no tempo da “troika”.
“Eu compreendo que as pessoas que há uns anos, por razão da situação financeira do país, viveram tempos de alguma inquietação neste domínio, precisam de uma palavra de segurança. E eu hoje, modéstia à parte, posso dizer às pessoas com toda a confiança para acreditarem, porque já não estamos apenas a assumir compromissos, nós estamos a concretizar aquilo que dizemos”, afirmou, numa ideia que tem repetido nos últimos dias.
Questionado se essa mensagem não está a chegar às pessoas, Montenegro contrapôs que, pelo contrário, a sua preocupação com este tema significa que a AD está “muito ligada” aos problemas reais das pessoas.
E à pergunta se estas inseguranças ainda estão diretamente ligadas a Passos Coelho – que na terça-feira apareceu ao lado de Montenegro num almoço de ex-líderes -, o presidente do PSD admitiu que foi nesses “momentos de dificuldade que as pessoas foram chamadas a dar a sua contribuição”.
“Mas hoje nós estamos numa fase em que as pessoas já perceberam que a nossa palavra tem muito valor, nós cumprimos o nosso compromisso e somos efetivamente de confiança”, defendeu.
Montenegro salientou as várias mensagens de apoio que recebeu no mercado, num círculo tradicionalmente difícil para a AD e o PSD.
“As senhoras e os senhores jornalistas farão essa avaliação também com o critério jornalístico de cada um, mas é visível o apoio, mesmo muito entusiasmo e sobretudo a compreensão das pessoas relativamente àquilo que estamos a fazer. Isso significa que elas não têm preocupações? Claro que não! Elas têm preocupações e nós também queremos ser porta-vozes destas preocupações”, rematou, antes de prosseguir a visita ao mercado.
Logo à entrada do mercado, encontrou uma idosa que admitiu ser do PS, mas disse gostar muito do líder do PSD e até desejou a sua vitória, mas sem deixar de lhe fazer uma pergunta crítica.
“Eu fui funcionária pública, trabalhei 52 anos e a minha reforma são 680 euros, acha bem?”, questionou, com o primeiro-ministro a responder que só vendo o caso concreto.
Mais à frente, outra reformada e um antigo combatente repetiram as mesmas queixas.
“A minha reforma é de 350 euros, queria ver o senhor primeiro-ministro”, disse a senhora, a quem Montenegro aconselhou a concorrer ao complemento solidário para idosos, salientando que o atual Governo já aumentou o seu limiar por duas vezes.
Já um antigo combatente na Guiné acusou o Governo PSD/CDS-PP de Passos Coelho de lhe ter tirado “280 euros de reforma, que nunca mais recuperou”, com Montenegro a agradecer o seu serviço e a assinalar que o atual executivo está a aumentar os apoios aos medicamentos para estes militares até atingir os 100%.
No mercado, foram várias as palavras de incentivo das vendedoras a Montenegro, que recebeu um grande abraço da D. Hermínia, que vende peixe naquele local há 57 anos.
“Só ele pode endireitar o país”, afirmou, questionado pelos jornalistas sobre o que tinha dito ao ouvido do primeiro-ministro.
Noutra das bancas, foi convidado a brindar com moscatel, o que fez com o líder do CDS-PP, Nuno Melo, e a cabeça de lista por Setúbal, Teresa Morais.
No final, não o deixaram pagar a despesa, o que motivou um comentário do primeiro-ministro: “Diga lá, olhe que depois perguntam-me como é que é”, gracejou.
Nas legislativas de 2024, a AD elegeu quatro dos 19 deputados deste círculo, atrás do PS (sete) e do Chega (com os mesmos quatro deputados”.