O presidente do PSD disse na noite de quarta-feira, em Monção, que o Governo do PS “é trapalhão” e só faz “trapalhadas”, referindo-se à demissão dos secretários de Estado da Economia e do Turismo, Comércio e Serviços.
“Isto é um Governo trapalhão e é um Governo de trapalhadas, que não está a inspirar confiança”, afirmou Luís Montenegro perante cerca de 600 militantes que participaram num jantar naquele concelho.
Luís Montenegro lembrou que “havia um primeiro-ministro que, por acaso, é o que está hoje em funções, que há uns anos dizia, quando o acusavam de ter feito uma geringonça, que era uma geringonça, mas funcionava”.
“Agora é maioria mas reina a anarquia. É maioria mas os ministros dizem, uns, uma coisa, outros, outra coisa. É maioria, mas o primeiro-ministro é desautorizado por membros do Governo. É maioria e são substituídos secretários de Estado que criticaram o ministro. O primeiro-ministro dizia o contrário do que dizia o ministro, o Governo decidiu, exatamente o que os secretários de Estado diziam e afinal de contas quem sai são os secretários de Estado e o ministro continua. Isto é uma confusão que ninguém percebe”, afirmou.
O líder do PSD acrescentou que o país em 20 dos últimos 27 anos tem sido governado pelo PS, “que tem a maioria no Governo, nas câmaras, nas Juntas de Freguesia, de deputados à Assembleia da República, dos deputados no Parlamento Europeu e até tem uma comissária europeia”.~
“O país está enxameado de dirigentes socialistas em todos os órgãos da administração pública, em toda a escala, local, regional e nacional. O PS tem tudo o que se pode almejar para transformar e reformar um território proporcionando aos seus cidadãos mais qualidade de vida (…) O PS teve e tem todos os instrumentos e com todos os instrumentos estamos a ficar mais para trás, com mais problemas estruturais para resolver.
“Amigalhaços da indústria da saúde”
Montenegro acusou, ainda, os socialistas de serem os “amigalhaços da indústria privada de saúde” por durante os governos que lideram proporcionarem ao setor “rentabilidades que são inalcançáveis”.
“Os socialistas queixam-se muito, reclamam muito mas a verdade pura e dura é que quando os socialistas governam a saúde privada enriquece, quando os socialistas governam a saúde privada atinge rentabilidades que são inalcançáveis num momento de normalidade, o que vale por dizer que os amigalhaços da indústria privada da saúde são os socialistas. Isto tem de ser dito porque eles dizem uma coisa e fazem outra”, afirmou.
Montenegro reagia às declarações, na quarta-feira, do ministro da Saúde no parlamento, que classificou de “fantásticas”.
“Confrontado com o caos que se vive no setor disse basicamente o seguinte: É indesejável, mas se for necessário vamos recorrer aos privados para dar a resposta que o SNS não consegue dar. Foram precisos tantos anos para reconhecer o que andamos a dizer há anos”, questionou.
Para o presidente do PSD, Manuel Pizarro, além de reconhecer de “forma envergonhada” o recurso ao setor privado para colmatar a falta de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) fê-lo “da pior maneira possível”.
“Disse, eu não quero, eu até nem curto esse setor, mas se tiver muito aflito vou a correr pedir ajuda aos privados. O que o senhor ministro está a fazer é a convidar o setor privado a cobrar o preço que quiser porque ele está a dizer que nos momentos de aflição vai para os braços dele. Os mesmos que dizem que não querem, são os mesmos que transformam a saúde privada no negócio mais florescente que já alguma vez existiu em Portugal”, atirou.
Montenegro disse que o PSD não vai dar “um instante de descanso ao Governo, pressionando para que tome medidas estruturais e conjunturais”, entre outras, na área da saúde que considerou um caso “verdadeiramente escandaloso e um caos completo”.
“São milhares de portugueses a quem prometeram um médico de família e não têm, cerca de 1,5 milhões de pessoas, que querem uma consulta e não têm, que querem intervenção cirúrgica e ficam anos à espera, que enfrentam filas de espera, com urgências a fechar e o ministro a dizer que está tudo a melhorar e as administrações ou diretores clínicos a demitirem-se por falta de meios, por se sentirem impotentes para colmatar a situação”, disse.
Para o líder social-democrata, o país só não tem um “sistema de saúde mais eficaz porque a ideologia venceu as necessidades dos cidadãos, o complexo ideológico do PS, do PCP e do BE causaram prejuízos diretos na vida dos cidadãos”.
“Até outubro, três milhões e trezentos mil de portugueses tiveram de pagar um seguro de saúde para ter alguma capacidade de resposta. Gastaram com isso mais de mil milhões de euros, para além de todos os impostos que pagam, do reforço de dinheiro que houve no SNS. Aos três milhões e trezentos mil portugueses somam-se mais cerca de um milhão e duzentos mil beneficiários da ADSE. Só aqui estamos a falar de metade da população portuguesa que tem de pagar extra para ter o mínimo de resposta”, observou.