Caída no lago, a moeda causa impacto pela energia gerada no impulso de arremesso, ondas circulares propagadas ordenadamente, libertação à superfície da àgua da energia, atenuada progressivamente do centro para a margem.
Nessa viagem da moeda não lhe interessa para nada a existência da onda circular gerada, acessória ao sucedido, focada apenas no objetivo de quem a atirou, um simples desejo assertivo, o pagão e a fé misturados em gestos de mitológicos, arcaísmos antropológicos com significado importante.
O ser humano agarrado a pequenos gestos para traçar um plano de vida, com força anímica e atitude positiva. É intrínseco à sua essência, uma constante repetida infinitamente no microcosmos humano.
O burburinho em cadeia da onda circular depressa passa.
A moeda jaz no fundo do lago, mensageira de alguém que fez um pedido, marca visível do desejo intenso de uma pessoa para a sua vida.
Não está perdida, não está esquecida. Está viva.
A sua simples presença é suficente.
Atenuada a agitação externa a si, no âmago carrega em latência o pedido, fruto de um profundo desejo interior.
E esse gesto, associado a uma promessa formulada por cumprir, simbolizam o quanto a vontade humana consegue se quiser.
Basta querer e permanecer firme na vontade, indiferente a quem julga e crucifica.
Alegoricamente assim é também, quando a moeda é uma coscuvilhice, e a onda circular é a futilidade do olhar constrangedor da sociedade… Mal-me-quer ou bem-me-quer tanto faz, a convicção move a montanha, e o que conta é que quem venha o faça por bem.