O ministro dos Negócios Estrangeiros russo enalteceu hoje a “postura responsável e o equilíbrio” dos membros da Liga Árabe em relação à guerra na Ucrânia, uma vez que a maioria desses países evitou pronunciar-se explicitamente sobre o conflito.
A posição de Serguei Lavrov foi manifestada num discurso na sede da Liga Árabe, no Cairo, cidade onde iniciou uma digressão por vários países africanos e que aproveitou para defender a posição russa sobre a invasão da Ucrânia que entrou hoje no sexto mês.
“Explicámos as causas que nos levaram a iniciar esta operação militar especial. Passaram anos de ignorância em relação a nós e tínhamos receios legítimos sobre a nossa segurança. Estas preocupações foram ignoradas desde a expansão da NATO”, disse o chefe da diplomacia russa.
O governante russo também considerou que a “Ucrânia foi escolhida para ser um país inimigo e hostil em relação à Rússia” por parte do Ocidente, que, reiterou, continua a fornecer os ucranianos com “muitas armas e várias bases terrestres e navais”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, que tem laços estreitos com vários países árabes, insistiu que “a NATO está a expandir-se” para Leste.
Hoje de manhã, Sergei Lavrov afirmou, também no Cairo, que já foi levantado o bloqueio aos portos ucranianos, após o acordo alcançado na sexta-feira em Istambul para o escoamento de cereais, e atribuiu a crise alimentar mundial às sanções ocidentais contra Moscovo.
“Confirmamos o compromisso dos exportadores russos de cereais em cumprir todas as suas obrigações”, disse Sergei Lavrov numa conferência de imprensa após um encontro com o seu homólogo egípcio, Sameh Shukri.
O acordo assinado sexta-feira em Istambul entre a Rússia e a Ucrânia, sob a égide da ONU, prevê o estabelecimento de “corredores seguros” para permitir a circulação no Mar Negro de navios mercantes, que Moscovo e Kiev se comprometem a não atacar.
O objetivo é permitir a exportação de 20 a 25 milhões de toneladas de cereais atualmente bloqueados na Ucrânia e facilitar as exportações agrícolas russas, reduzindo assim o risco de uma crise alimentar global, particularmente em África.