Militares de todo o país estão diariamente, incluindo durante a noite e a madrugada, a fazer patrulhas de prevenção e dissuasão face ao fenómeno dos fogos florestais, como sucede na região do Minho. Durante esta quarta-feira, uma patrulha do Regimento de Cavalaria 6, de Braga, sido acompanhada por O MINHO, algures pela Serra de Arga, em Vila Nova de Cerveira.
O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) conta com o apoio diário dos militares, para acautelar sempre a segurança das pessoas e dos seus bens, bem como toda a mancha florestal, que no caso do Minho tem levado ao intensificar dos patrulhamentos, realizados em locais e horas sempre diferentes, para melhor dissuadir qualquer tipo de ações criminosas.
A presença das patrulhas militares, pelas zonas serranas mais recônditas, controladas ao pormenor, com grande coordenação, não só previnem os incêndios florestais, como também permitem o cruzamento, em tempo real, de informações com os postos fixos e postos móveis, mais rapidamente detetados e extintos focos de incêndio, que muitas vezes não chegam a crescer muito.
Todo este trabalho é desenvolvido com a Guarda Nacional Republicana, que por sua vez monitoriza os vigilantes civis que se encontram nas torres de vigia, nos pontos mais altos das serras, obtendo assim ganhos de escala, em que os resultados são mais e melhores do que se fossem realizados por cada instituição, individualmente, em que o todo é maior do que a soma das partes.
O primeiro-sargento Guido Simões e o soldado Diogo Mota, após partirem do Quartel do Areal, em Braga, foram até à Serra de Arga, vigiando eventuais focos de incêndio (não há fumo sem fogo) e patrulhando os caminhos florestais, ao mesmo tempo que a cada passo trocavam impressões com cidadãos que surgiam, procurando também saber se algo de anormal por ali ocorria.
No caso do Minho, o Regimento de Cavalaria 6, de Braga, conhecido por “Dragões de Entre Douro e Minho”, que celebrou o seu 315.º aniversário, já neste mês de julho, tem uma longa tradição de apoio com as autoridades civis, não só na prevenção e na dissuasão, como no combate aos fogos florestais, incluindo os pelotões de rescaldo, segundo o 1.º sargento Guido Simões.
O protocolo Faunos celebrado com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e os protocolos com as Câmara Municipais de Braga, Viana do Castelo, Boticas, Tavira, São Brás Alportel, Monchique, Loulé, Sintra e Mafra resultaram até ao final desta terça-feira em 659 patrulhas executadas, 86.100 quilómetros percorridos e 1.536 militares empenhados, incluindo 66 missões de vigilância com drone e em 2024 foram realizadas 74 ações de reconhecimento, avaliação e controlo pelos dois helicópteros alocados especialmente ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR).
Durante todo o ano de 2023, os três ramos das Forças Armadas (Exército, Força Aérea e Marinha) executaram 327 ações aéreas de reconhecimento, avaliação e controle e 204 missões de vigilância com drones, num total de 857 horas de voo, e 1.518 patrulhas de vigilância e deteção, tendo envolvido em todas as ações realizadas 5.707 militares, acrescentou o Exército.
Apoio Militar de Emergência
A nível nacional, o Regimento de Apoio Militar de Emergência, aquartelado em Abrantes, coordena todas as ações, sendo que o Apoio Militar de Emergência (AME) consiste em toda a colaboração do Exército na resposta face a emergências complexas, designadamente “acidentes graves e catástrofes, naturais ou provocadas, materializada no apoio às entidades responsáveis pela Proteção Civil e na proteção e salvaguarda de pessoas e de bens”, referiu a O MINHO o seu comandante, coronel Tiago Lopes.
“A fundamentação e o objetivo deste protocolo de colaboração das Forças Armadas e do ICNF visa principalmente ações no domínio da prevenção dos incêndios florestais, em que o Exército Português, neste âmbito, executa patrulhas de vigilância e dissuasão, solicitadas e coordenadas com o ICNF, com a finalidade de detetar e reportar focos de incêndio e atuar igualmente como fonte dissuasora”, ainda segundo aquele oficial superior, explicando a filosofia de todo o sistema integrado em Portugal.
“O Exército Português tem um sistema integrado de Apoio Militar de Emergência baseado em dois vetores, as capacidades dedicadas ao mesmo AME, através do Regimento de Apoio Militar de Emergência, bem como as capacidades de duplo uso das Unidades do Exército”, de acordo com o coronel Tiago Lopes, explicando que “o sistema integrado de AME tem um total de nove capacidades, de comando, controlo e comunicações, engenharia militar, apoio sanitário e psicossocial, reabastecimento e serviços, manutenção e transportes, defesa, biológica, química e radiológica, busca e salvamento terrestre, de segurança e vigilância, apoio ao combate a fogos”, nisso consistindo toda a arquitetura, do planeamento à execução, do sistema integrado.
“O AME é uma prioridade do Exército e está previsto ainda um aumento no investimento nas diversas capacidades do sistema integrado de resposta, bem como no investimento em novas tecnologias, de duplo uso, por forma a mantermos o apoio com elevados índices de eficiência e qualidade”, ainda segundo disse o comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência.
“O Exército Português possui capacidades diferenciadores, dispersas pelo território e prontas para serem empenhadas no apoio à população, tudo isto sempre baseado nas excelentes qualidades dos militares que servem no Exército, acrescentando o valor e distinção a todo o sistema integrado de AME”, acrescentou o coronel Tiago Lopes, acerca da panóplia das valências de apoio.
Ministro enaltece trabalho dos militares
O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, destacou que “o Exército, a Força Aérea e a Marinha estão empenhadas nas ações de prevenção dos incêndios, que pelas tragédias do passado justificam este esforço”, enaltecendo o trabalho e as capacidades militares da Força Aérea integradas no dispositivo de vigilância, de deteção e apoio ao combate de incêndios florestais/rurais.
Nuno Melo considerou “irrealista” em Portugal pensar-se que alguma vez terá todos os meios necessários para assegurar que uma tragédia não aconteça devido aos incêndios florestais ou outra ocorrência”, afirmando mesmo “ser uma utopia achar que alguma vez teremos todos os meios necessários para que uma tragédia não aconteça”, garantindo o ministro da Defesa Nacional que “as Forças Armadas estão totalmente empenhadas para ajudar o país neste desafio tão difícil e que é a prevenção de fogos”.
Para o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, “Portugal está atualmente mais bem preparado para evitar tragédias como as que ocorreram no passado”, considerando igualmente que “as Forças Armadas estão todos os dias à altura daquilo que lhes é pedido”, mas destacando que “num país do sul da Europa com as características de Portugal, os meios nunca serão suficientes”.
“Os meios são sempre insuficientes, pois Portugal é um país com uma imensidão de floresta, com um potencial de incêndio que é sempre relevante, mas tentamos aprender com os erros do passado para se evitar outras tragédias equivalentes no futuro”, ainda segundo o ministro minhoto, Nuno Melo, cuja carreira política começou desde muito novo, em Vila Nova de Famalicão.
O ministro da Defesa Nacional destacou a operacionalização dos drones SANT, que atuam a partir das bases, em Mirandela, Ota e Beja, para vigilância e deteção de incêndios florestais e referiu os dois helicópteros alocados a ações de reconhecimento, avaliação e controle, fazendo questão de deixar uma palavra de apreço para com os militares e todos aqueles que estão na ação.
“Os militares não estão nos quartéis, estão todos os dias a trabalhar para o benefício das populações, o que vale para a prevenção dos fogos, como vale para as ações de busca e de salvamento, para a emergência médica, para o transporte de órgãos, para o combate ao tráfico de pessoas ou combate ao tráfico de drogas”, segundo salientou o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.