A 18 de agosto de 2011, o barco “Lírios do Neiva”, com cerca de dez metros de comprimento, naufragou no porto de Viana do Castelo devido à deterioração que apresentava, mesmo ao lado de onde hoje se encontra o navio museu Gil Eannes.
Quase dez anos volvidos, uma equipa de mergulhadores esteve esta terça-feira a realizar sondagens para perceber a melhor forma de remover a embarcação que se encontra parcialmente ‘enterrada’ no lodo do cais, de forma a que uma dragagem possa ocorrer a breve prazo.
Paulo Gradim, supervisor de mergulho da empresa Multisub, disse a O MINHO que o pedido de estudo chegou por parte da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), que quer dragar o local, de forma a perceber se a remoção poderia ser uma tarefa fácil ou mais árdua.
O especialista revelou a O MINHO que as informações recolhidas não são animadoras: “A embarcação está completamente afundada, tem cerca de um metro de altura fora do lodo, mas o resto (cerca de nove metros) está enterrado para baixo e não conseguimos ver o estado em que se encontra”.
Com recurso a uma câmara e um sistema de comunicação, o mergulhador captava imagens e dava informações que eram analisadas pelo supervisor em tempo real. Toda a recolha de imagens é gravada para “mostrar ao cliente e justificar o trabalho e as conclusões”.
Agora, a empresa está a tentar perceber de que forma é que o barco pode ser removido, embora tenha sido apenas contratada para o estudo prévio, e não para a remoção.
A Multisub é sediada em Leça da Palmeira, e foi a responsável pela montagem das plataformas eólicas em alto mar, ao largo de Viana do Castelo, e do protótipo instalado previamente, em Aguçadoura, na Póvoa de Varzim. Atualmente, estão também a montar plataformas semelhantes ao largo da Escócia.
Já o barco de pesca, antes de afundar, esteve mais de três anos atracado no mesmo local, apresado às ordens do Tribunal Judicial, num processo de penhora por dívidas do proprietário.
A APDL é a entidade responsável pela gestão das infraestruturas portuárias, e respetiva área de jurisdição, em nome do Estado. Desde março que a APDL está a promover a dragagem parcial da antiga doca comercial, a poente, até à cota -3,0 metros em relação ao Zero Hidrográfico, num volume total estimado de cerca de 15,5 mil metros cúbicos.
O objetivo visa “proporcionar às embarcações que operam naquela infraestrutura portuária, condições de abrigo em relação à agitação marítima, reforçando as condições de segurança, e ao mesmo tempo potenciar o desenvolvimento económico das entidades que ali desenvolvem a sua atividade”, refere a APDL. “Para além de permitir a requalificação desta área [ribeirinha] que está no coração da cidade de Viana do Castelo e que merece ser usufruída e visitada”, acrescenta.
Esta intervenção enquadra-se na Empreitada de Dragagens de Manutenção de Fundos nos Portos de Leixões e Viana do Castelo adjudicada à empresa Inersel, S.A. e “deverá estar concluída até maio de 2021” e poderá beneficiar o estaleiro naval ali instalado.
O estaleiro, concessionado à empresa WestSea, conta com uma área total de 250 mil metros quadrados, podendo construir, reconverter e reparar qualquer tipo de embarcação até 37 mil toneladas, 190 metros de comprimento, 5,5 metros de calado e 29 metros de boca, bem como embarcações de pequena e média dimensão.