Está aberta desde 1939, na Rua dos Capelistas, em Braga, na esquina com o chamado Campo da Vinha. Agora, 81 anos depois, com a crise da covid, os clientes rareiam na mercearia A Colonial.
“Estou a funcionar das 9:00 à uma da tarde e entram apenas quatro ou cinco clientes”, disse a O MINHO o seu proprietário, Eduardo Marques.
O comerciante culpa, pelo facto, o corte de trânsito feito ao tempo da gestão camarária de Mesquita Machado – que deixou de ali passar – e a ausência de moradores na zona, expulsos pela alta dos preços do arrendamento ou da compra de casa no centro histórico. O centro histórico está, agora, maioritariamente ocupado por restaurantes, cafés e bares e lojas, sendo poucos os residentes que resistem
O negócio, que está nas mãos da sua família direta há 65 anos, vivia de clientes habituais, daqueles de há muitos anos, e dos muitos turistas que demandavam a cidade dos arcebispos antes da pandemia: “temos clientes novos, mas também alguns da terceira geração de famílias que sempre aqui vieram”.
Outrora, o Campo da Vinha era o local da feira semanal da cidade, o que trazia gente em barda à mercearia: “atualmente, especializamo-nos em frutos secos, e vinhos de mesa, com destaque para o do Porto, e somos, também, como que uma loja de conveniência”, explica.
Além da ausência de carros, mesmo de passagem, Eduardo Marques critica o que diz serem os preços altos dos vários parques de estacionamento existentes no centro, e salienta que mesmo o preço mais baixo agora implantado para o estacionamento nos parcómetros de rua – explorados pelos Transportes Urbanos (TUB) não é suficiente para atrair pessoas.
“Em Braga, até para se visitar um doente no Hospital, o parque é caro”, lamenta.
Além da Mercearia, na Rua dos Capelistas apenas está aberta a Farmácia Central – vítima da mesma desertificação – e os bancos da zona.
Câmara incentiva
Contactado a propósito, o vereador do Urbanismo da Câmara local, Miguel Bandeira concordou com o diagnóstico feito pelo lojista, mas salientou que, com a pandemia, pouco se pode fazer: “o trânsito não vai voltar e o Município não tem capacidade, embora o queira, para fazer com que o centro histórico volte a ter muitos residentes”, sublinhou.
O autarca adianta que, agora, para apoiar o comércio e a restauração na reabertura da atividade, a Autarquia está a preparar um programa de incentivos, permitindo, por exemplo, o alargamento das esplanadas.
Diz que “é muito difícil prever o futuro da atividade comercial”, quer na zona antiga da urbe, quer noutras áreas, quer mesmo nas grandes superfícies, sugerindo, para tal, que o comércio dito tradicional continue na linha de modernização que vem seguindo: “A Rua dos Capelistas é central em termos urbanos, pelo que o comércio tem de se continuar a afirmar pela diferenciação no que toca à qualidade e exclusividade do produto que oferece”, sublinha.