No primeiro domingo de cada mês, os Mercados Incríveis de Arte (MIA) adoçam o espaço público da cidade com espetáculos performativos, música e expositores de variadíssimas concepções criativas. Regularmente instalados no mercado cultural do Carandá, os MIA são uma iniciativa promovida pela Plataforma do Pandemónio que animou o centro histórico de Braga com música, teatro e expressões visuais, na edição deste domingo.
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O domingo estava ensonado, conservador e passeado por muita gente acompanhada pelos sinais de fumo dos vendedores de castanhas que espiritualizam a estação do ano. Um tom quente de viola e voz, encostado ao jazz ou à bossa nova, fazia-se ouvir pelos claustros do edifício do castelo no centro histórico de Braga, onde 20 desenhadores, pintores ou artesãos mostravam o seu trabalho exposto em bancas ou suportado pela pedra no chão. A feira convidava à curiosidade de gente alheia, descomprometida para com o dia.

O Duo Trizka, Beatriz Cervellini e Karla Izidro, eram as proprietárias da melodia açucarada que partilhava o ambiente com o fumo das castanhas. Imigradas do Brasil, a dupla estreava-se em Portugal na rua para a gente que passeava, numa passada lenta, de domingo. Foi o contacto com a Plataforma do Pandemónio, recentemente fundada associação cultural, que proporcionou ao duo a estreia nesse palco lusitano disponível para todos, a rua.
“Tentamos mostrar um pouco da nossa música autoral, cantamos duas músicas do Zeca Afonso e algumas composições natalícias”, conta a dupla do Paraná. Aterraram em Portugal durante o pico de terror propagado pela pandemia. “Ainda estamos a procurar, a conhecer, esta foi a nossa estreia em Portugal, no Brasil fizemos outros trabalhos, fado com piano e trilhas para peças de teatro”, acrescentam.

Os MIA são organizados por Marta Moreira, Karla Ruas, Sónia Ribeiro e Jefferson Rib, da Plataforma do Pandemónio. A academia de teatro Tin.Bra é parceira do evento.
“Uma curiosidade grande em perceber o que se está a passar”, afirma Marta Moreira no decurso do segundo concerto organizado para o dia. “A ideia do mercado sempre foi não fazer só um mercado, mas um acontecimento artístico com música, performances, expositores”, explica Jefferson Rib.

“Artistas que vivem no Porto ou em Braga” afirma Marta Moreira sobre os presentes, enquanto salienta: “O crescimento está a ser exponencial na primeira edição eram cerca de cinco expositores, na segunda o dobro e nesta já 20”. O Município de Braga cedeu a utilização do espaço público para o evento e a paróquia de São Victor emprestou algum do material utilizado.