Teve um desfecho feliz, mas podia ter acabado em tragédia. Um menino de quatros, a frequentar o jardim de infância do Centro Educativo de Lagoas, em Estorãos, Ponte de Lima, fugiu do estabelecimento de ensino, na terça-feira de manhã, acabando por ser encontrado por populares a cerca de 200 metros da escola. O Agrupamento Escolar afirma que vai reforçar a vigilância e que já sinalizou ao município a necessidade de mais recursos humanos, bem como de uma barreira de segurança junto ao edifício.
A criança, que tem demonstrado dificuldades de adaptação ao jardim de infância, estando constantemente a chorar pela mãe, pediu à educadora para ir à casa de banho e aproveitou a autorização concedida para, através de uma porta que foi deixada aberta nas traseiras, escapar para o exterior.
Andou cerca de 200 metros, em direção a um restaurante nas proximidades, quando, por volta das 11:20, foi intercetado por populares que o entregaram na escola. De acordo com testemunhas ouvidas por O MINHO, o menino “estava bem de saúde, só dizia que queria ir para a mamã”.
Questionado por O MINHO, o diretor do Agrupamento de Escolas de Arcozelo, Manuel Amorim, começa por contextualizar que o recinto do Centro Educativo das Lagoas “é enorme”, com uma quinta pedagógica integrada, e que o menino foi encontrado nas “imediações” do mesmo.
“O menino saiu por uma porta traseira, por onde entram fornecedores”, diz, acrescentando: “Mas não saiu das imediações, porque felizmente foi intercetado e voltou para a escola”. Reconhece, porém, que “não é normal” a criança ter saído do edifício escolar e que o fez por uma porta que “estava entreaberta”.
Questionado sobre se não houve uma falha de segurança, Manuel Amorim responde: “De vigilância talvez, mas para um perímetro tão elevado é impossível ter um funcionário em cada porta. De qualquer forma, a porta deveria estar fechada e estava aberta”.
O responsável explica a OMINHO que o menino tem mostrado “alguma resistência à escola, sempre a pedir a mãe” e, na altura em que fugiu, tinha pedido à educadora para ir à casa de banho. “Logo depois, passados cinco, dez minutos”, a educadora “pediu aos funcionários para o tentar localizar”.
“Logo os funcionários foram procurá-lo, ver se estava na casa de banho e acabaram por detetar que estava no exterior”, acentua o diretor do Agrupamento, lamentando “alguma fragilidade na ligação ao exterior”, que afirma já ser “do conhecimento do município”.
“Temos portas de saída de emergência, e nessas portas os meninos penduram-se na alavanca de segurança e abrem. Aquilo não é nenhuma barreira efetiva”, explica.
“Era conveniente – e o município desde logo foi alertado para essa situação – no exterior, cinco a dez metros afastado do edifício, talvez colocar no perímetro uma segunda barreira, uma rede, qualquer coisa que evite que a saída do edifício sem colocar em causa a emergência”, refere.
Manuel Amorim realça que “os funcionários precisam de ter uma atenção redobrada, porque são poucos e alguns estão a faltar por doença”. Também essa necessidade de recursos humanos já terá sido comunicada à Câmara.
O diretor do agrupamento refere que já falou ontem com a mãe do menino e que esta lhe disse já não ter “confiança” na escola. E não voltou a levar a criança. No entanto, Manuel Amorim garante que a escola está pronta a ajudar e a “trabalhar em conjunto” com a família para que o menino supere esta fase inicial de adaptação ao jardim de infância.
Para já, garante: “Iremos reforçar a vigilância, inclusivamente já dei instruções para que aquela porta ficasse fechada”.