O concelho de Melgaço vai disponibilizar mais 21 camas para estudantes do ensino superior, até final de 2023, graças à reconversão da antiga escola primária de Prado, num investimento de 640 mil euros (mais IVA), financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A obra vai beneficiar os alunos deslocados que frequentem a Escola Superior de Desporto e Lazer de Melgaço (ESDL), do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).
A candidatura apresentada pela autarquia ao PRR para a reabilitação da antiga escola e a sua adaptação às funções de residências universitárias foi agora aprovada, com 100% das despesas elegíveis.
A localização da futura residência, sito na UF Prado e Remoães, adjacente ao centro urbano, proporcionará acesso dos residentes à instituição de ensino, aos equipamentos de saúde, cultura, desporto e comércio mais próximos, e ainda aos pontos nodais e interfaces de transportes públicos (central a menos de 1km e ESDL a cerca de 1,2 km).
“Estamos perante um projeto que visa reforçar no concelho a oferta de camas para estudantes e, por outro lado, que é consistente com uma política de reabilitação do nosso património”, considera o autarca de Melgaço, Manoel Batista, referindo que “o corpo principal do edifício será completamente preservado, sendo apenas demolido o ‘alpendre’, claramente sem valor arquitetónico de relevo que justifique o condicionamento do projeto à custa da sua preservação”.
Batista atentou ainda que a “disponibilização de uma oferta de alojamento a preços acessíveis, é a resposta ao reconhecimento de uma necessidade particularmente importante para os jovens de famílias economicamente mais carenciadas”.
Neste momento a ESDL conta com 173 bolseiros, sendo esta a procura potencial considerada. A Câmara perspectiva que, num horizonte de cinco anos, a procura potencial possa atingir 200 bolseiros.
A saber ainda que a ESDL conta com 297 alunos não bolseiros deslocados, perspetivando-se que, num horizonte de cinco anos, possa atingir os 325. Atualmente estudam na ESDL 488 alunos, dos quais 18 têm residência habitual no concelho de Melgaço.
Este projeto está alinhado com a Estratégia Local de Habitação do concelho de Melgaço, elaborada no âmbito da Nova Geração de Políticas de Habitação (NGPH), que revelou que o mercado de arrendamento não é eficaz e, como tal, não está a tentar dar resposta (também) à necessidade de alojamento estudantil, problema transversal, aliás, ao país.
O município apresentou, em junho de 2021, à Assembleia Municipal a intenção da realização de um protocolo com o IPVC, ao abrigo do qual a autarquia atribuirá um apoio a esta instituição para que a mesma possa arrendar um terreno para a instalação de bungalows para alojamento dos alunos da ESDL.
“É desígnio do município de Melgaço potenciar e desenvolver a componente de apoio aos jovens, nomeadamente através da dinamização de projetos de apoio ao ensino superior, criatividade, empreendedorismo, cidadania e associativismo juvenil”, conclui o presidente melgacense.
O projeto
A futura residência será composta por 14 quartos, com instalações sanitárias privativas, nomeadamente seis quartos individuais, sete quartos duplos e um quarto adaptado para mobilidade reduzida; três salas (de estar e de estudo); duas copas; sala de receção e circulações, que cumprem os requisitos exigidos na Portaria n.º 35-A/2022, de 14 de janeiro; lavandaria; arrecadação; e logradouro com estacionamento automóvel para seis viaturas ligeiras e 20 bicicletas.
O projeto foi desenvolvido no sentido de “garantir condições de bem-estar e qualidade de vida aos estudantes, procurando compatibilizar a vivência em comum com o respeito pela individualidade e privacidade de cada residente, equilibrando a oferta de quartos individuais com quartos duplos. Nesse sentido, fomenta-se a convivência, a camaradagem e o espírito de comunidade, ao mesmo tempo que se promovem condições para um ambiente de estudo que conduza ao sucesso académico”.
O edifício situa-se no interior do aglomerado da extinta freguesia de Prado, enquadrando-se a sua linguagem com as construções envolventes. Os dois novos corpos (bloco de quartos e cozinha/sala de refeições) adotam uma linguagem neutra e integrada na envolvente, coincidente com as caraterísticas do edifício-mãe, que mantém a linguagem arquitetónica e materiais originais, constituindo um prolongamento natural da construção existente, destacando-a pela opção da simplicidade dos seus alçados e escolha dos materiais de revestimento: reboco branco e embasamento em granito. Foi adotada uma solução de continuidade relativamente às cérceas e alinhamentos observados na envolvente e no edifício pré-existente, bem como à linguagem tradicional do edificado.
A nível de eficiência energética, está prevista uma classe energética, sendo de notar o contributo esperado das energias renováveis para o consumo do edifício de 32%.