O ministro das Finanças considerou hoje deplorável que o Chega e o PSD usem como arma política as relações familiares de cargos políticos, garantindo que Laura Cravo, mulher do ministro das Infraestruturas, João Galamba, não foi nomeada pelo Governo.
Fernando Medina falava numa audição parlamentar na Comissão de Orçamento e Finanças (COF) no âmbito do requerimento potestativo apresentado pelo Chega sobre a medida de IVA zero do cabaz de alimentos definidos pelo Governo, quando defendeu que Laura Cravo está a desempenhar funções em regime de mobilidade e não foi nomeada pelo Governo.
“Laura Cravo não foi nomeada diretora do departamento, não vai ser nomeada diretora do departamento pela razão, aliás, muito clara, e creio natural do senhor diretor-geral, pretender que o cargo, depois da saída do anterior titular, seja promovido em concurso público”, justificou.
Em causa está a notícia avançada pela TVI, esta segunda-feira, que Laura Abreu Cravo, mulher do atual ministro das Infraestruturas, João Galamba, coordena há um ano o Departamento de Serviços Financeiros no Ministério das Finanças, liderado por Fernando Medina, embora a nomeação nunca tenha sido publicada em Diário da República.
Na primeira intervenção de hoje que coube ao Chega, ao abrigo de ter invocado o direito potestativo para marcar a audição, antes das questões sobre a inflação, o deputado Rui Afonso questionou o ministro sobre o tema.
Fernando Medina assinalou que o 25 de Abril trouxe igualdade a mulheres e homens para recomendar que se utilizasse “o nome da pessoa em causa e não a sua condição marital”: “A pessoa em causa chama-se Laura Cravo, melhor Dra. Laura Cravo, para o assunto que aqui tratamos”.
“Queria também aqui deixar o registo de uma utilização que não é exclusiva do Chega. Vê-se que o PSD entrou exatamente pela mesma linha, que é a tentativa de fazer combate político com pessoas que são familiares de titulares de cargos políticos, o que mostra, acima de tudo, na minha opinião, o nível que é escolhido pelos partidos relativamente ao exercício da ação política”, disse.
Para o governante, este é um nível “deplorável”, acrescentando que “cada um escolhe o seu estilo e a sua forma de estar na política”.
“Não baixarei a esse nível. Que me recordo é a primeira vez que um político é criticado na praça pública por adversários não por nomear alguém, mas sim por não nomear”, afirmou.
Fernando Medina explicou ainda que Laura Cravo não foi nomeada em Diário da República, porque está a exercer funções no Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) do Ministério das Finanças ao abrigo da mobilidade pública, já que é quadro da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Posteriormente, questionado sobre o mesmo tema pelo deputado do PSD Hugo Carneiro, Medina garantiu que o convite não partiu de si, até porque Laura Cravo começou a exercer funções no dia 1 de novembro de 2020.