Medidas desmedidas

ARTIGO DE RICARDO RODRIGUES

Presidente da JP Ponte de Lima

Exigia-se mais a Donald John Trump, muito mais. Não tardaram a chover críticas e comentários à forma simplista e demagoga que o discurso de tomada de posse do nada mais, nada menos 45º presidente dos Estados Unidos da América foi elaborado. Após a análise na íntegra do discurso prendem-se duas ideias que logo emergem e vão de encontro às apreciações apontadas. Primeiramente, descreve o actual estado do país como que se de um clima pós guerra civil se tratasse. Uma América destruída, completamente desprotegida. Em segundo plano, Donald Trump, surge proclamando-se como a única réstia de esperança, o recém-empossado salvador da pátria Americana e aquele que realmente irá abraçar todos os que se sentem desamparados. Esta, fácil, forma de apelo ao coração do povo com o objectivo de apoderar-se do poder político é um método de encarar a política que, apesar de contestada por muitos, chegando até a ser conotada como perigosa, ao que parece é de igual modo abraçada por outros. Ao que tudo indica, em Ponte de Lima, e não sei se devido ao exemplo americano ou por estar aquém do controle de quem a pratica, esta prática demagoga de estar na vida interventiva também se faz sentir. Vemos, com muita frequência, políticos a dirigirem-se à população na tentativa de lhes passar a ideia que Ponte de Lima encontra-se num estado de pura decadência e completa desprotecção. Arquivando nas redes sociais críticas negativas e pouco construtivas a tudo que é feito. Tentam, também, fazer-se passar pela única réstia de esperança que existe na construção da tal avalada vila limiana, onde dizem serem o Marquês de Pombal cá do sítio. Por fim, e como que se não bastasse, tentam estimular um ambiente de instabilidade na oposição, apontando o dedo e descrevendo tudo o que se passa como que se de auditores externos se tratassem.

Pelo que, há sensivelmente poucos dias, fiquei a saber que já apelidaram a candidatura do CDS à Camara Municipal de Ponte de Lima como de “status quo”. É que para além de pensarem na campanha deles pensam também na dos outros, que amabilidade.

A questão que, inevitavelmente, me surgiu, após ler toda uma argumentação de excelência para tal conexão feita, foi: Como é que a candidatura do PSD, que se mostra tão crítica da actual gestão camarária, garante que não irá ser um “status quo” daqueles que critica? Fala-se, e muito bem, em criação de novos postos de emprego, em melhorar o acesso à saúde e educação daqueles que mais necessitam, em melhorar a performance económica do concelho, em fixar mais e melhores empresas nas zonas industriais, em aumentar as exportações, em criação de centros médicos desportivos, entre outras. No entanto, isso é aquilo que qualquer cidadão comum, não interveniente na vida política, quer para a sua região, para o seu país, para o seu continente e por fim, para o seu mundo. É básico, é lógico e, infelizmente, é cliché.

Como jovem e limiano, é com um enorme desalento e tristeza que vejo políticos locais mostrarem-se mais preocupados em tentar criar um ambiente de instabilidade entre os futuros opositores políticos e os partidos de oposição do que a exporem as suas ideias e medidas aprofundadas e justificas de como pensam combater a precariedade que dizem fazer-se sentir na nossa vila. Seria mais vantajoso mostrar como, realmente, pensam em aumentar a densidade empresarial de Ponte de Lima. Que tipo de apoios pensam em dar às empresas localizadas em Ponte de Lima de modo a que estas aumentem a sua exportação. Como querem ajudar a aumentar a receita por habitante. De que forma pensam em aumentar a densidade populacional, fazendo face ao crescimento efectivo negativo que se faz sentir, não só em Ponte de Lima, mas em toda a região do Alto Minho. Como pensam atrair população jovem para o concelho. Como pensam diminuir a precariedade no seio das famílias mais necessitadas. Como? É a questão que se coloca.

Não queiramos, tão simplesmente, tentar agradar todo o eleitorado com medidas heróicas que são tão fáceis de contar, mas sim, responder com medidas devidamente fundamentadas e justificadas que procuram resolver problemas e desenvolver coerentemente todos as superfícies da vila de Ponte de Lima.

Ricardo Sérgio de Sousa Rodrigues

Presidente da Juventude Popular de Ponte de Lima

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