António Abreu Cepa, de 77 anos, é a vítima mortal do violento choque ocorrido na sexta-feira à noite, na A28, em Esposende, no qual resultaram ainda mais três feridos, um deles, uma rapariga de 17 anos, em estado grave.
Mecânico reformado, António entrou em contramão num dos nós de acesso à autoestrada A28, em Esposende, acabando por conduzir alguns quilómetros na via contrária. Pela frente, e ao longo de 5 quilómetros e meio, num período que terá durado cerca de um minuto, foi encontrando várias viaturas que se iam desviando, mas acabou por embater contra um carro que transportava três jovens de Viana do Castelo.
À chegada dos Bombeiros de Fão, primeira corporação a chegar ao quilómetro 44,9, no sentido Sul-Norte, encontravam-se duas viaturas violentamente danificadas, com todos os ocupantes ainda dentro das mesmas. António seguia sozinho numa delas. Estava esmagado contra o volante, já sem sinais vitais.
No outro carro, três ocupantes, todos encarcerados -um homem e uma jovem nos bancos da frente, aparentando ferimentos menores, e uma jovem que fazia ontem 17 anos, no banco de trás, com ferimentos que aparentavam ser graves.
Chegaram, entretanto, os Bombeiros de Esposende e o INEM, com duas VMER (de Matosinhos e de Barcelos) e uma SIV (Vila do Conde). Os médicos tentaram reanimar António enquanto este ainda se encontrava encarcerado contra o volante da sua viatura, mas os resultados foram infrutíferos. Um dos médicos declarou o óbito e os bombeiros iniciaram a extração física tipo 2, uma das mais complicadas para os bombeiros, pois significa que existem partes do automóvel penetradas no corpo das vítimas.
Foi ativada uma viatura tipo VOPE dos Bombeiros de Esposende para remover o cadáver em direção ao Gabinete de Medicina-legal de Viana do Castelo, isto após os procedimentos do Núcleo de Investigação da GNR.
No outro carro, a primeira vítima a ser extraída foi a aniversariante. Os médicos confirmaram que apresentava ferimentos graves, pelo que a escolha de a desencarcerar primeiro foi acertada. Rapidamente avaliada, foi encaminhada para o Hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo.
Os outros dois feridos foram desencarcerados e transportados para o mesmo hospital, mas com ferimentos ligeiros.
O MINHO sabe que os jovens, naturais de Viana do Castelo, tinham ido à Póvoa de Varzim comprar bens alimentares para celebrar o aniversário da jovem que ficou em estado grave, sofrendo o acidente no regresso a casa.
Segundo Miguel Guerra, comandante das operações de socorro neste acidente, a viatura terá andado cerca de seis quilómetros em contramão, a partir do Nó de Esposende até uma zona entre Fonte Boa e Rio Tinto, onde ocorreu a colisão. O mesmo responsável adianta que a colisão foi “frontal e lateral, do lado do condutor”.
O alerta foi dado pelas 20:19, mobilizando dois veículos de desencarceramento, três ambulâncias, um VOPE, duas VMER e uma SIV, no total de 24 operacionais dos bombeiros e do INEM.
Miguel Guerra adiantou ainda que a autoestrada esteve cortada no sentido Sul-Norte durante mais de três horas.
Questionado sobre se o Nó de Esposende tem uma sinalética complicada de analisar, Miguel Guerra não quis responder, remetendo essa avaliação para as autoridades.
O que é certo, é que nem a própria família sabia porque motivo António entrou na autoestrada, uma vez que não era caminho habitual, sendo mais forte a teoria de que se tratou de uma desatenção/engano do antigo mecânico, cujas cerimónias fúnebres, a cargo da agência Aires, ainda não têm data marcada.