O verão atípico, com temperaturas baixas, chuvas e ventos improváveis para a estação quente, está a provocar quebra nas receitas e estadias nos parques de campismo, que se acentua com previsões meteorológicas inexatas e a concorrência do alojamento local.
“A quebra grande foi registada em abril, porque houve muita chuva, e no mês de julho refletiu-se numa redução de 5% na receita e ao número de noites dos campistas passantes”, disse à Lusa José Pires, diretor do Parque de Campismo de Cerdeira, espaço plantado em pleno Parque Nacional de Peneda do Gerês, informando que alguns inspetores da ACSI – entidade que presta informações sobre os parques de campismo da Europa – já confirmaram uma “quebra generalizada” nos parques de campismo em Portugal.
Segundo José Pires, as quebras de clientes no Campismo de Cerdeira também se devem às previsões meteorológicas erradas para aquela localidade de Campo de Gerês e, com frequência, a previsão de chuva não ocorre, mas caba por afastar os turistas.
“O nosso desafio era procurar o site [na Internet] que estaria mais correto face à realidade”, porque as pessoas são influenciadas pelas previsões, o que levou a cancelar ou a interromper a estadia, obrigando mesmo, em alguns casos, a fazer a devolução do dinheiro das reservas.
As condições meteorológicas invulgares deste verão são também a causa apontada para uma “quebra entre 20 as 25%” registada no Lima Escape, um parque de campismo localizado no Alto Minho, em Ambos-os-Rios.
Anna Alshull, gerente do Lima Escape, diz que houve uma “quebra muito grande” em abril e maio, mas também neste mês de julho, porque o tempo tem estado “muito instável” e o prognóstico “muito assustador”, com as expectativas a fazerem as pessoas desistir de acampar.
“Estamos nos finais de julho e com uma ocupação muito mais baixa do que o costume nesta época”, disse Anna Alshull, referindo que as quebras se situam “entre 20 a 25%” em número de dias de estadia, mas também no número de clientes.
A previsão inexata da meteorologia é outra das causas também apontada por Anna Alshull.
“O pior é que nem sequer houve assim tanta chuva como avançaram as previsões meteorológicas”, exclamou aquela empresária, admitindo que as notícias de previsão de mau tempo acabam por sabotar a vinda de turistas.
“Tivemos muitos fins de semana em que o tempo esteve bom, agradável, mas as previsões foram tão más que as pessoas não apareceram”, contou.
Na parte das autocaravanas que chegavam com estrangeiros as quebras também se registaram.
“Irlandeses, holandeses, alemães e ingleses, fugiram todos com o mau tempo”, contou, referindo que vinham à procura do bom tempo de Portugal, mas que não o encontraram.
Laura Castro, presidente do Clube de Campismo do Porto, corrobora com uma diminuição de ocupação de campistas nos dois parques que gere principalmente de campistas passantes.
O verão está a ser “muito atípico”, porque “tem chovido muito e as pessoas não querem os dias no campismo com mau tempo, explica.
“Até ser a primeira escolha deles, com o tempo que decorre neste momento, é muito difícil”, disse, referindo que o fenómeno se constata principalmente no Parque de Campismo de Penedo da Rainha, em Amarante, onde têm uma ”fatia muito grande de passantes com autocaravanas e há uma quebra na ordem dos 30 a 40% em relação a 2017.
Para Laura Castro, o alojamento local é um forte “concorrente” aos parques de campismo, mas ressalva que o campismo não vai morrer, porque uma das mais-valias é permitir que as caravanas fiquem todo o ano, algo impossível naquele género de alojamento.