Um grupo de seis produtores de gado espanhóis foi detido por falsificar danos provocados por uma alcateia de lobos que habita a região da Galiza e das Astúrias, recebendo indemnizações públicas indevidas que ascenderam aos 60 mil euros, foi esta sexta-feira divulgado pela imprensa espanhola.
Os ‘ganaderos’ estão acusados de levar potros recém-nascidos para o meio dos montes, separados da mãe, em território habitualmente ocupado por uma matilha de lobos ibéricos que se dividia entre as Astúrias e a Galiza, de forma a que estes animais atacassem os equídeos, provocando-lhes a morte.
Depois, pediam uma subvenção que chegava aos 900 euros por cada exemplar, lucrando entre 600 a 700 euros, uma vez que, alegadamente, compravam a maior parte dos potros na Galiza por cerca de 200 euros. Outros, eram filhos de éguas de quem já eram donos. Quando já não havia mais cavalos à solta, os canídeos começaram a aproximar-se das quintas de produção, e os produtores acabaram por matá-los.
A investigação teve início em 2019, depois de um alerta da associação Fondo para la Protección de los Animales Salvajes (Fapas), denunciado este ‘modus operandi’ levado a cabo por alguns produtores do município de Castropol. O tribunal tem fortes suspeitas que estes produtores mataram seis lobos nestas circunstâncias.
Em novembro de 2020, foi dado um grande passo nesta investigação, após denúncia de um veterinário, apontando que era mesmo essa a forma de atuar dos produtores. Acrescentou ainda que, depois de perceberam que os lobos estavam desejoso por mais ‘comida’, instalaram laços ao redor das quintas, onde apanharam, pelo menos, seis. Drogavam os animais e matavam-nos à paulada, levando os corpos para a beira de uma autoestrada, para dar a entender que haviam sido atropelados.
No total, receberam indemnizações por 170 cavalos mortos entre 2019 e 2020. Em alguns dos casos, falsificaram a documentação para cobrar subvenções a dobrar pelo mesmo equídeo, revelou a investigação, que efetuou buscas domiciliárias e acedeu ao registo dos telemóveis dos suspeitos, confirmando que estes obtiveram cerca de 60 mil euros for “falsos ataques de lobo”.
Neste caso, foram ainda indiciados três agentes do Meio Ambiente do principado das Astúrias, por prevaricação, uma vez que aceitavam os relatos e fechavam os expedientes sem provas que confirmassem que os ataques tinham sido feitos deliberadamente pelos lobos. Pela mesma razão, está também a ser investigado o chefe de serviço de Caça e Pesca do Meio Ambiente daquela região autónoma, que terá autorizado a atribuição das subvenções sem provas. Há ainda um agente da Guarda Civil sob suspeita.