MAS contesta miradouro na cascata no Gerês e sugere acesso seguro à zona de banhos

Movimento está ainda contra instalação dos painéis solares nas albufeiras
Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

O Movimento Alternativa Socialista (MAS) manifestou-se contra as obras que a Câmara de Terras de Bouro pretende fazer na Cascata do Tahiti, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, cujo início estava previsto para 1 de agosto, mas que não começaram.

Segundo um comunicado de imprensa do MAS enviado hoje para a redação de O MINHO, “nos últimos dias, a tranquilidade bucólica do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), a única área protegida em Portugal com estatuto de parque nacional, tem sido perturbada com duas notícias preocupantes que mostram a forma como a proteção da natureza é vista no nosso país”.

“Se, por um lado, o Município de Terras de Bouro avançou com obras que irão de forma irremediável alterar a paisagem de uma das zonas mais emblemáticas do PNPG, supostamente em nome da segurança, por outro, e num legado deixado pela anterior governação do Partido Socialista, pretende-se cobrir duas áreas de albufeira no parque nacional com centenas de painéis solares”, segundo se começa por enquadrar no comunicado de imprensa do MAS.

As obras nas cascatas são “capricho”

“A construção do miradouro é apenas um capricho que irá alterar de forma irremediável a paisagem daquele lugar e de forma alguma aumentar a segurança de quem visita o local”, segundo o MAS, para quem “a solução ideal passaria pela construção de um acesso em segurança à zona balnear, como em tempos um particular construiu, tendo sido a obra embargada e destruída”.

O MAS considerar quea iniciativa da Câmara de Terras de Bouro é “uma decisão de má gestão turística, a promoção do território aponta para a convergência excessiva do turismo para as zonas balneares no interior do Parque Nacional, levando a um excesso de carga nessas zonas e consequentemente para um aumento da sinistralidade, o que de facto deve ser combatido”.

“Esta zona atrai milhares de turistas todos os anos por altura do verão e todos os anos, apesar dos avisos constantes e existentes no local, ocorrem acidentes por descuido, alguns deles que já resultaram em mortes”, refere ainda o MAS, salientando que “os acidentes acontecem um pouco por todo o lado, mesmo na albufeira da Barragem da Caniçada onde abundam os ‘desportos’ motonáuticos, todos os anos surgem notícias de ocorrências que terminam no hospital”, algumas com consequências mortais.

“Se a segurança deve ser uma prioridade nos diversos locais de turismo, a construção de uma estrutura metálica (miradouro) e passadiço de acesso, bem como aumento de lugares de estacionamento irá ter um efeito (sem dúvida desejado pelo município) de aumentar a afluência de visitantes ao local, visitantes esses que posteriormente quererão descer à cascata”, afirma o MAS.

E salienta: “O aumento de visitantes irá consequentemente fazer aumentar o número de ocorrências devido ao espaço limitado disponível e todos os acidentes naquela zona ocorreram no leito do rio e seria por aí aqui onde a obra se deveria centrar”.

Painéis solares em albufeiras

Entretanto, “numa herança do secretário de Estado adjunto e da Energia, João Galamba, e a secretária de Estado do Ambiente, Inês Santos Costa, da anterior governação do Partido Socialista, foram lançados através de leilão pelo Estado, dois projetos de centrais solares e eólicas no Parque Nacional da Peneda-Gerês, sendo que tais são projetos violam o Plano de Ordenamento do PNPG, que terão um impacto ambiental profundo na zona”, segundo o comunicado do Movimento de Alternativa Socialista.

“Os dois projetos preconizam a instalação de 44 mil painéis solares nas albufeiras das barragens de Paradela e de Salamonde, e de cinco eólicas no limite da área protegida e além disso, o projeto conta ainda com a construção dos respetivos acessos rodoviários e torres de alta tensão, que comprometem a integridade ecológica e paisagística do parque nacional”, diz o MAS.

“O Plano de Ordenamento do PNPG refere a interdição da “instalação de infraestruturas de produção de energia elétrica, exceto, no caso de recursos hídricos ou eólicos, em sistema de microprodução, ou, no caso de recursos hídricos, no troço já artificializado do rio Cávado que constitui limite administrativo do Parque Nacional da Peneda-Gerês”, ainda segundo o MAS.

Sublinha ainda que o “Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas ainda não se pronunciou sobre este tema e a Agência Portuguesa do Ambiente mantém-se estrategicamente silenciosa, mas segundo a empresa Finerge, vencedora do concurso”, a eletricidade “produzida nas duas albufeiras poderá ser vendida por duas vias, mercado organizado ou através de contrato bilateral”.

“Através de participante no mercado que preste serviços de agregação da produção”, recorda o MAS, referindo que “em troca, é exigido o pagamento de uma compensação fixa ao Sistema Elétrico Nacional (SEN). Resumindo, as populações locais, diretamente afetadas por estes projetos, não beneficiarão nada, pois a energia será destinada aos grandes centros urbanos”, diz o comunicado do Movimento Alternativa Socialista (MAS), acerca destas duas questões do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

 
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