Luís Marques Mendes apresenta na quinta-feira, em Fafe, a sua candidatura a Presidente da República “sem convites” a figuras nacionais do PSD, com a presença em peso do partido a ficar reservada para outras sessões.
Tal como noticiado na sexta-feira pelo semanário Expresso, a candidatura vai ser apresentada pelas 18:00, numa sala do lar da Santa Casa da Misericórdia de Fafe a que foi atribuído o nome do seu pai, António Marques Mendes, fundador do PSD no distrito e ex-deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu.
“Não fiz convites a ninguém, a não ser ao presidente da Câmara de Fafe”, disse à Lusa Marques Mendes, que remete para outras sessões a participação de figuras nacionais do PSD, partido que liderou entre 2005 e 2007.
Caberá ao presidente da Câmara de Fafe, Antero Barbosa, eleito e recandidato às próximas autárquicas pelo PS, fazer uma intervenção de saudação, antes do discurso de fundo do candidato presidencial.
No domingo, no seu último comentário televisivo na SIC, Luís Marques Mendes justificou a sua candidatura a Belém por entender, depois de uma reflexão pessoal e de “ouvir muita gente”, que podia ser útil ao país e elegeu três grandes causas: ambição, estabilidade e ética.
“Nós não podemos passar a vida em crises políticas, nós não podemos passar a vida em dissoluções e eleições antecipadas”, considerou, defendendo que para tal “é preciso ter alguma capacidade de fazer pontes”.
Por outro lado, prometeu “introduzir com muito mais força” o tema da ética na vida política, referindo que tomou decisões difíceis neste domínio quando liderou o PSD, entre 2005 e 2007, com as quais dentro do partido “quase ninguém concordou”.
“Hoje é preciso ir muito mais longe, mas muito mais longe. Uma parte grande dos portugueses está um bocadinho farta dos políticos, da classe política. Isto não é bom em termos de democracia. Não se resolve com populismo. Resolve-se é a fazer um maior apelo à ética e aprofundar e desenvolver um conjunto de decisões para que as pessoas voltem a confiar”, sustentou.
Segundo Marques Mendes, a par destas duas causas, Portugal precisa de ambição, porque é “um país de um modo geral conformado, resignado, parece que até deprimido, parece que acomodado”, o que se propõe combater se for eleito chefe de Estado.
“É uma doença que temos esta de pouca ambição”, comparou.
Questionado sobre a importância da experiência política para se exercer o cargo de Presidente da República, o antigo autarca e ministro respondeu: “Eu acho que é quase decisiva. A experiência é sempre importante na vida”.
“Experiência é segurança, é previsibilidade, é certeza, é saber-se com aquilo que se conta”, argumentou, recusando estar a “comentar potenciais candidatos” como o almirante Henrique Gouveia e Melo, ex-chefe do Estado-Maior da Armada.
O primeiro-ministro e presidente do PSD, Luís Montenegro, já afirmou que Marques Mendes “preenche em absoluto os requisitos” para o partido “estar ao lado de uma candidatura ganhadora”.
“Eu já tive a ocasião de dizer, ainda antes de haver candidatura (…), que o dr. Luís Marques Mendes preenche em absoluto os requisitos que nós estabelecemos para poder estar ao lado de uma candidatura ganhadora que dê ao país um horizonte nos próximos anos da magistratura presidencial que traga reforço da estabilidade política, reforço da cooperação institucional estratégica e serviço às portuguesas e aos portugueses”, afirmou, em declarações aos jornalistas na segunda-feira em Bruxelas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já anunciou que tenciona marcar as presidenciais de 2026 para 25 de janeiro, calhando uma eventual segunda volta em 15 de fevereiro, três semanas depois.
Luís Marques Mendes, de 67 anos, advogado, irá fazer a apresentação da sua candidatura com quase um ano de antecedência – na véspera da data escolhida pelo anterior chefe de Estado Jorge Sampaio, que se apresentou como candidato em 07 de fevereiro de 1995.