O candidato a Presidente da República Luís Marques Mendes apelou hoje a uma “pedagogia de moderação” no discurso sobre imigração, defendendo, contudo, que as medidas eram inevitáveis face ao que classificou de “descontrolo nos últimos anos”.
Luís Marques Mendes foi o orador convidado das jornadas PSD/CDS-PP, que decorrem em Évora até terça-feira. O antigo presidente do PSD conta com o apoio já votado do seu partido para as presidenciais de janeiro do próximo ano, uma matéria sobre a qual o CDS-PP ainda não tomou posição.
Na sua intervenção, Mendes voltou a prometer que, se for eleito, lutará pela estabilidade política e que fará do combate à pobreza uma das suas causas, matéria sobre a qual até sugeriu a realização de uma Conselho de Ministros extraordinário.
“Nós precisamos todos de fazer um esforço, todos, sem exceção, à direita, à esquerda, para sermos uma sociedade tolerante. Hoje há algum excesso aqui ou acolá de radicalismo. Nós devemos fazer a pedagogia da moderação”, defendeu.
Como exemplo, apontou a questão da imigração, distinguindo entre a ação e o discurso.
“Depois de anos de imigração descontrolada, era inevitável a necessidade de tomar medidas, como várias que foram tomadas. E com alguma coragem mesmo, medidas como a questão do fim da manifestação de interesses”, afirmou, numa defesa da linha de ação seguida pelo executivo PSD/CDS-PP nesta área.
No entanto, no discurso, disse querer fazer uma pedagogia da moderação, que viu como “sinal de maturidade”, começando por apontar a imigração enquanto oportunidade.
“É uma oportunidade. Alguns acham que é um problema. Não, é uma oportunidade se ela for regulada e se ela for tratada com a devida integração”, afirmou, considerando que é deve ser encarada desta forma para um país que perde população, para as receitas da Segurança Social e para as empresas que precisam de mão-de-obra.
Mendes defendeu, por outro lado, que Portugal tem uma responsabilidade perante os imigrantes que vieram para Portugal nos últimos anos “porque as autoridades o permitiram”.
“Não é justo, não é correto, nem é verdadeiro que quando surge qualquer problema no país, a culpa é sempre dos imigrantes. Na habitação, na segurança, ou em qualquer área (…) Não nos devemos adaptar a esse discurso da pequenez”, apelou.
Na sua intervenção de cerca de 25 minutos, Marques Mendes deixou um grande elogio ao líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, que apontou como “um dos mais talentosos da política contemporânea”, saudando também a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que marcou presença no jantar.
Perante uma sala de deputados e dirigentes do PSD e do CDS-PP, o antigo líder social-democrata voltou a defender a estabilidade, que disse não ser “uma condição suficiente para ter sucesso, mas uma condição necessária”.
“Hoje as condições de governabilidade são melhores do que existiam, mas a estabilidade precisa ainda de ser assegurada. Não é por acaso que a Constituição fala num governo de quatro anos, num mandato de legislatura”, afirmou, dizendo que tal se aplica a qualquer executivo, à esquerda ou à direita.
Por isso, prometeu, se for eleito terá como uma das prioridades a defesa da estabilidade, fazendo os possíveis para “evitar moções de censura, evitar moções de confiança e ajudar os partidos a negociarem Orçamentos de Estado”.
No cenário internacional, admitiu que “há riscos pela frente”, apontando os perigos da “irrelevância das Nações Unidas” ou a “confusão total” em matéria de tarifas comerciais, mas defendeu que “o tempo não é de cruzar os braços”.
“O tempo é, sobretudo, de arregaçar as mangas. Ou seja, em cada dificuldade, temos que ver uma nova oportunidade”, apelou.