Na sua jornada até Santiago de Compostela, os peregrinos vão sendo surpreendidos com as paisagens, as culturas ou o património arquitetónico das aldeias, vilas, cidades por onde passam. Mas também – e talvez sobretudo – pelos gestos das gentes locais que os acolhem e os motivam a prosseguir a caminhada.
É o caso de Miguel. Marinheiro, artesão e também ele próprio peregrino. Quem faz o Caminho Português da Costa encontrará, num caminho florestal entre Apúlia e Fão, no concelho de Esposende, as suas peças de artesanato acompanhadas de mensagens motivadoras.
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As vieiras pregadas num pinheiro que simbolizam o Caminho de Santiago chamam a atenção dos peregrinos. Nelas têm escritas frases (em inglês) como “No Caminho de Santiago nunca estás só”, “O sofrimento é temporário, desistir é para sempre” ou um simples desejo de “Bom Caminho”.
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O olhar, entretanto, desvia-se para um cartaz afixado, no qual é explicado o que ali se passa: “Olá. O meu nome é Miguel e moro nesta vila. Também sou peregrino e a minha profissão é marinheiro. Atrás deste pinheiro há peças feitas por mim, escolha uma e deixe o que quiser. Não faça o caminho a correr, aproveite”.
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É então que reparamos nas peças de artesanato ali deixadas à disposição de cada uma que passa: porta chaves e colares com a vieira, o símbolo do Caminho de Santiago.
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Na base do pinheiro encontra-se um mealheiro preso e fechado com um cadeado, onde os peregrinos podem deixar a sua contribuição.
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Mas, na verdade, não há qualquer tipo de controlo. Apenas a confiança na bondade e no sentimento de partilha dos peregrinos. Até porque, como diz numa das vieiras, “no Caminho de Santiago nunca estás sozinho”.