No próximo sábado, às 16:30, as ruas do centro de Braga irão se colorir com as cores da bandeira do arco-íris. O coletivo Braga Fora do Armário (BFA) organiza a VI Marcha pelos Direitos LGBTI+ – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero, Intersexo e Mais.
Subordinada ao lema “Cidade do Silêncio: chega de invisibilidades, basta de violências!”, o coletivo pretende chamar a atenção contra a atitude silenciadora da população LGBTI+ na cidade, para além de dar mais visibilidade e voz na luta pelos direitos.
“Quando pensamos na invisibilidade, ela é uma forma de violência. Uma das questões da marcha é que não temos que pedir licença para existir, o direito a existir como quiser e como bem entender. Quando pensamos na cidade, queremos dizer que as pessoas existem, estão aqui e têm direito a viver sem violência, a serem reconhecidas como se sentem”, afirma Liliana, que faz parte do “núcleo duro” do coletivo, a O MINHO.
“Felizmente tem havido uma conquista maior do espaço público. As pessoas cada vez mais falam. Eu noto evolução na mentalidade. Percebe-se, mas há dificuldade, não em aceitar, as pessoas não têm que aceitar nada, mas respeitar a outra pessoa”, explica Eduarda, também membro do BFA, a O MINHO.
O BFA surgiu em 2013, depois da realização da I Marcha pelos Direitos LGBT, que juntou cerca de 300 pessoas. Desde então, tem vindo a realizar inúmeras atividades com o objetivo de debater, desmistificar e esclarecer dúvidas relacionadas com estas minorias.
“A constituição da organização veio de um conjunto de coletivos e pessoas individuais que reconheceram a importância de criar uma marcha LGBT em Braga, dando em conta a situação da cidade, característica muito religiosa, e isso vai se refletindo nas liberdades ou não das pessoas. Depois dela, as pessoas tiveram a ideia de continuidade e se fazia sentido criar um coletivo ou associação, para organizar as marchas seguintes”, disse Liliana.
A marcha começa no Arco da Porta Nova, situado no centro da cidade dos arcebispos. Passará pela Sé Catedral de Braga, Câmara Municipal, Jardim Santa Bárbara, Rua do Souto e Avenida da Liberdade, terminando o seu percurso na Praça da República, onde será lido o Manifesto, que contém as principais críticas e reivindicações da população LGBTQI+.
“Começamos a marcha, definimos um conjunto de palavras de ordem que são gritadas no megafone por alguns elementos para apresentar as reivindicações e dar um ritmo”, explica Eduarda.
“No final colocamos o bandeirão, as mensagens e as faixas no chafariz central e é lido o manifesto. Então abrimos o microfone”, diz Liliana.
Lema: Cidade do silêncio
O coletivo luta para que todos possam viver como são, contra a vergonha imposta aos LGBTQI+ pelo silêncio da sociedade e contra a violência que ainda continua a persistir quando se mostram.
“Houve uma colagem de cartazes na Rua do Souto, e arrancaram grande parte dos cartazes que colamos, menos de 24 horas depois de serem colocados. E muitas pessoas perguntam o motivo de fazer as marchas… E o nosso lema é a cidade do silêncio, e maior prova não pode haver, um simples cartaz incomodar tanto. Já se vê a resistência por parte da cidade”, referiu Eduarda.
“As cidades devem propiciar a diversidade. A marcha é uma forma de as pessoas se visibilizar, mesmo que com máscaras. As pessoas têm direito a existir. A marcha é uma oportunidade de ocuparmos o espaço público. Uma das coisas que motivou esse mote da violência foi precisamento um conjunto de acções, por exemplo a situação da Marielle. As pessoas têm que existir”, explica Liliana.
“Nunca um presidente da Câmara veio”
O coletivo não procura qualquer tipo de apoio ou parceria, define-se como um movimento apartidário.
“Uma coisa é partidário, e outra coisa é político. O coletivo é político, não é partidário, ou seja, é político e de esquerda. Enquanto linha orientadora, e não partidária. Uma coisa tem a ver com política, outra com linha de esquerda”, vinca Liliana.
“Nunca tivemos o presidente da Câmara a participar da marcha. A marcha é aberta, todos podem se juntar. Na Câmara de Lisboa, o autarca levantou uma bandeira arco-íris na Câmara, em Vila Real também. Nunca procuramos apoio, mas nunca vimos qualquer sinal por parte das instituições que demonstrem qualquer tipo de apoio indireto”, relata Eduarda.