O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem ao evento “Terra Justa”, em Fafe, na qual saúda aquele município por organizar uma iniciativa que discute “a dignidade da pessoa humana”.
O chefe do Estado destaca a importância de Fafe estar “preocupado com os grandes valores, os grandes princípios que, no fundo, respeitam à dignidade da pessoa humana, não à pessoa como abstração, mas às pessoas concretas, de carne e osso.”
“É tão importante falar-se e debater-se no domínio da ética, da ética vivida, da ética pessoal, mas da ética coletiva também. Por essa iniciativa saúdo e felicito o Município de Fafe”, refere Marcelo Rebelo de Sousa.
A mensagem do Presidente, que foi apresentada às 21:30, no Teatro Cinema da cidada, inscreve-se na homenagem que o “Terra Justa está hoje [sexta-feira] a prestar a Lourdes Pintasilgo”.
Nesse registo multimédia, ao qual a Lusa já teve acesso, Marcelo Rebelo de Sousa elogia a “preocupação ética” que “norteou sempre” a antiga primeira-ministra portuguesa.
“Se há personalidade que norteou a sua vida pela preocupação ética, ela foi Maria de Lourdes Pintasilgo”, refere o chefe do Estado.
Fundação Cuidar o Futuro diz que intervenção de Pintasilgo inspirava-se em Jesus
A presidente da Fundação Cuidar o Futuro, Margarida Santos, considerou ontem no Terra Justa, em Fafe, que Lourdes Pintasilgo traduzia “a vivência de uma fé interventiva inspirada na vida de Jesus”.
“A engenharia marcou a suas intervenções e projetos. Talvez se possa falar de uma engenharia social”, acrescentou, quando falava numa das conversas de café, no âmbito da homenagem póstuma que o Terra Justa está hoje a prestar à antiga primeira-ministra portuguesa.
A dirigente da fundação criada por Lourdes Pintassilgo em 2001 lembrou que o Movimento Internacional de Mulheres Cristãs inspirou a ação da homenageada, por “acreditar que as mulheres fazem a diferença”.
Naquela Conversa de Café também participou Teresa Vasconcelos, do movimento internacional Graal, ao qual também pertenceu Pintasilgo. Aos presentes lembrou a capacidade que Pintasilgo sempre revelou de “olhar para os mais pequeninos e ouvir todos”, para além da sua combatividade.
Não obstante, lamentou, “era muito mal-amada e sofria com isso”. Teresa Vasconcelos aludiu ao trabalho incansável da homenageada “na defesa nacional e internacional do papel da mulher na igreja”.
“Ela foi para a política por causa dos compromissos com os mais desfavorecidos, nomeadamente as mulheres”, destacou, acrescentando que Pintasilgo assumiu causas que ainda hoje estão atuais.
Elogiou também a dimensão cultural da única mulher que foi chefe de governo em Portugal, “não na cultura das elites, mas na cultura do povo”.
“Era uma mulher de fé e profunda espiritualidade”, reforçou, defendendo que a sua ação podia ter sido potenciada “se não houvesse tantos preconceitos, incluindo na Igreja.
Mais à frente na conversa de café, Margarida Santos afirmou que se Pintasilgo ainda fosse viva “talvez sentisse desgosto com algumas coisas que se passam no mundo”, vincando que muitas ideias de Pintasilgo, nomeadamente no plano social, ainda hoje estão atuais.