O Centro Português de Surrealismo, em Vila Nova de Famalicão, é esta sexta-feira inaugurado, tendo uma área expositiva de mais de 4 mil metros quadrados preenchida por mais 100 obras que retratam a herança daquele movimento artístico em Portugal.
A nova casa do surrealismo português, que será inaugurada pelo presidente da República, Marcelo rebelo de Sousa, abre portas ao público com a exposição “O Surrealismo na Coleção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian”, uma mostra que reúne 25 autores de 59 obras, como Mário Cesariny, João Moniz Pereira, Jorge Vieira ou José Francisco.
Instalado na Fundação Cupertino de Miranda, a sala que lhe dará abrigo resulta do “diálogo” entre o arquiteto do edifício original, João Castelo Branco, e o arquiteto João Mendes, sendo que além de obras da Gulbenkian, terá também em exposição obras da coleção própria da FCM, que incluí nomes desde António Dacosta, António Paulo Tomaz ou Artur do Cruzeiro Seixas.
“São os principais nomes que fizeram parte do momento [surrealista em Portugal], é vasto, é sem dúvida um momento muito especial”, explicou à Lusa do diretor artístico da FCM, António Gonçalves.
Segundo o responsável, as obras em exposição “são conhecidas, existem,” mas o novo centro dá a possibilidade de as “reunir, catalogar e editar” e ainda a “possibilidade de rever alguns autores e obras”.
O responsável contextualizou o Surrealismo como um movimento que surgiu nos anos 20, encabeçado por André Breton e que representava “uma atitude de poesia, de amor e de liberdade, desde liberdade de expressão, humana e de criação, para se poder fazer uma diferença em relação a muita da violência que se estava a assistir”.
Em Portugal, apontou, “as primeiras exposições acontecem nos anos 40, em 49, mas isto não quer dizer que não estivessem já nos anos 30 alguns autores a avançar com o surrealismo português, era já uma prática”.
A nova valência cultural vai marcar a história da FCM mas também da terra onde se instalou, com o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão a realçar que o Centro Português de Surrealismo vai permitir ao concelho “condições para ombrear com outras galerias à escala global”, sendo prova que a “marca industrial muito reconhecida” a Famalicão “não é inibidora de outra ações”.
“Felizmente esta centralidade famalicense na área da cultura permite que sairmos um pouco daquele que é o hábito das grandes cidades, Porto e Lisboa, que ficam com quase tudo o que é oferta cultural neste domínio”, explicou o autarca.