O Presidente da República discordou hoje do FMI quanto ao crescimento da economia portuguesa em 2023 e disse acreditar na previsão do Governo de 1,3%, que referiu ter como base dados mais recentes.
“Penso que é fazível, 1,3% é perfeitamente fazível”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta a perguntas dos jornalistas, nos jardins do Palácio de Belém, em Lisboa.
A este propósito, o chefe de Estado assinalou a disponibilidade do Governo alemão para “empréstimos europeus conjuntos” que permitam “injetar dinheiro nas economias e contrabalançar um aumento do custo da energia”
“Merkel aceitou uma vez por causa da pandemia. Agora a Alemanha propõe segunda vez por causa da guerra. Ora, isto muda o panorama, porque estamos a falar de, ao longo de 2023, mais dinheiro injetado, mais investimento efetuado, e que contrabalança a perspetiva muito negativa que o FMI normalmente tem nestas situações”, considerou.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou hoje previsões de crescimento para economia portuguesa de 6,2% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e de 0,7% em 2023. Na proposta de Orçamento do Estado para 2023 o Governo inscreveu estimativas de 6,5% para este ano e de 1,3% para o próximo.
Questionado sobre as previsões do FMI, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Não penso que seja preocupante. O FMI fez esses estudos, essa avaliação, antes da avaliação e da previsão do Governo e, portanto, não tomou em consideração os dados mais recentes”.
O Presidente da República manifestou-se confiante na meta prevista pelo Governo e frisou que o seu pessimismo não está relacionado com a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), mas com a inflação: “Aí continuo a ter algumas dúvidas, por causa da evolução da guerra [na Ucrânia] e dos seus efeitos”.
“No caso do produto, eu penso que o FMI provavelmente não toma em consideração este balanço que vai do ano de 2022 para 2023, a forma de gestão do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) — é preciso acompanhá-la em pormenor para perceber que houve uma parte significativa do PRR em termos de investimento que deslizou de 2022 para 2023. Isso tudo somado depois dá uma diferença no produto”, apontou.