O Norte de Portugal, o Porto e a Junta da Galiza assinaram hoje um manifesto a reivindicar, ao governo Espanhol, o avanço das empreitadas necessárias para uma ligação ferroviária de Alta Velocidade entre Porto e Vigo – com estações previstas em Braga, Ponte de Lima e Valença – em 2030.
“Queremos a linha em 2030 e é possível. A fachada atlântica é a mais densa da Península Ibérica, estima-se uma procura de 11 milhões de passageiros [entre Lisboa e Vigo]. Também a ligação Porto Vigo, segundo dados do Governo português, é de 1,5 milhões de passageiros, o mesmo número da ligação Lisboa – Madrid. Temos passageiros, temos eurorregião. É tempo de ter investimentos nestes territórios”, defendeu Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto.
Para o autarca, em Portugal o investimento “parece solidificado”, pelo que o problema se coloca “do lado espanhol”, estando em causa “uma questão política, porque a Junta da Galiza é do PP, de direita, e o governo espanhol é de esquerda”.
O manifesto foi assinado em Vigo pelo presidente da Câmara do Porto, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), o presidente da Junta da Galiza e o presidente da deputación de Pontevedra, perante um auditório com centenas de pessoas, nomeadamente representantes de empresários nortenhos e galegos.
O presidente da Junta da Galiza, Alfonso Rueda, manifestou confiança na possibilidade de concluir a ligação de alta velocidade entre Vigo e Valença, na fronteira com Portugal, até 2030, ou levando “mais um ou dois anos”.
“O que não pode ser é em 2040”, frisou.
“Se não começamos já, cada vez terminaremos mais tarde. Enquanto se discutem datas não avançam as obras”, observou.
Com o evento de hoje e o manifesto, a Junta da Galiza quis “pressionar o governo espanhol, dizendo que há muitíssima gente – associações, empresários, instituições – a querer que isto se faça”.
“Queremos uma alternativa competitiva, fiável e rápida à atual ligação ”, disse.
No manifesto, a Galiza e o Norte Portugal defendem também alterações para que a União Europeia (UE) coloque a ligação Vigo-Porto no corredor básico, com conclusão até 2030.
Atualmente, a UE colocou este corredor na “rede básica alargada, com previsao de conclusão para 2040”.
O presidente da CCDR-N, António Cunha, afirmou que o corredor atlântico ferroviário “deve ser apoiado por fundos europeus” e considerou que o projeto da ligação Porto-Vigo “é para avançar agora”, e não em 2040 como refere Bruxelas.
“Acompanhamos a Junta neste esforço de reverter a decisão e da sensibilização do Parlamento Europeu e dos novos comissarios”, prosseguiu.
A Junta da Galiza defendeu em novembro a criação de uma frente comum com Portugal, para reivindicar ao governo espanhol as infraestruturas necessárias para a ligação ferroviária de alta velocidade com o Norte de Portugal.
Em comunicado, aquele governo autonómico de Espanha alertou para atrasos na saída sul de Vigo, para o troço entre O Porriño e a fronteira portuguesa, “sem avanços significativos desde há anos e com estudos parados desde 2011” e para a “necessidade de negociação entre os dois Estados para a construção e financiamento da nova ponte internacional”.
Na Cimeira Ibérica de outubro, o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, disse na conferência de imprensa final que, quanto à ligação de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo, “o compromisso do Governo de Espanha” é “o ano de 2032”.
O governante destacou o compromisso de ligar Madrid e Lisboa em comboio de alta velocidade em 2030, enquanto o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, disse que a prioridade do executivo nacional “é a ligação Lisboa-Porto-Vigo-Madrid”.
Em comunicado divulgado esta semana, o secretário de Estado dos Transportes e Mobilidade manifestou o compromisso do governo espanhol em ter a linha de alta velocidade entre Vigo e Porto em 2030, noticiaram vários jornais espanhóis.