Manifestantes pró-Palestina estão acampados na UMinho há uma semana

Exigem tomada de posição sobre conflito
Foto: DR

Um grupo de sete estudantes pró-Palestina protestou, em 27 de maio, junto da Reitoria que recebia, nesse dia, o Prémio Nobel da Física Alain Aspect.

Estas estudantes da UMinho entregaram uma carta aberta ao físico, reivindicando a necessidade de “reforçar a democracia e transparência na instrumentalização do conhecimento científico, bem como a urgência na reflexão da sua aplicação”.

No dia seguinte, “mais de uma dezena de estudantes ocupou o Complexo Pedagógico II do Campus de Gualtar da Universidade do Minho, exercendo o seu direito à manifestação”.

Nessa terça-feira, os estudantes passaram a “reivindicar ações concretas para o país, para as instituições académicas, e especificamente para a Universidade do Minho, com o intuito de pressionar os órgãos de poder e decisão da Universidade a tomarem um posicionamento inequívoco de apoio ao povo palestino e de condenação ao genocídio a decorrer na Palestina”.

O edifício está ocupado há uma semana, onde decorrem assembleias populares e de estudantes e grupos de trabalho.

De forma “horizontal”, o Coletivo coordena a sua “programação cultural e as suas ações de protesto, tendo em vista a mobilização, a sensibilização e a defesa das suas reivindicações”.

Na passada sexta-feira, dois estudantes e duas ex-alunas do Coletivo reuniram-se com o reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro para discutir as reivindicações do seu manifesto e “avaliar um possível consenso”.

Coletivo e reitor com “visões antagónicas”

De acordo com o Coletivo, desta audiência surgiram “visões antagónicas acerca do conflito”.

“Uma das partes alicerça-se ao cumprimento do direito internacional; a outra protesta as complicações burocráticas (i.e., a falta de consenso internacional sobre o estatuto do Estado da Palestina) que atrasam os apoios tão urgentes e necessários. Então, em pouco ou nada as partes concordaram. O único consenso entre ambas as partes foi o direito das estudantes protestarem e de ocuparem o seu espaço por direito para o fazer, ainda que com adendas a comportamentos mais reivindicativos e/ou que incluíssem ação direta”, lê-se no comunicado enviado às redações pelo movimento.

Ainda de acordo com a mesma fonte, o reitor Rui Vieira de Castro pronunciou-se, ainda, acerca de uma possível tomada de posição relativamente ao conflito, através de uma votação na próxima reunião do Conselho Geral da Universidade do Minho, no dia 21 de junho.

Reitoria não pediu intervenção policial

“Além disso, perante a exigência de transparência por parte da Universidade acerca das suas ligações com entidades israelitas, o vice-reitor para a Investigação e Inovação, Eugénio Campos Ferreira, amavelmente comprometeu-se a disponibilizar uma lista completa destas parcerias. O Coletivo tenta agora estabelecer contacto com as pessoas competentes para a divulgação urgente da mencionada listagem, bem como a divulgação dos negócios com empresas associadas ao regime de Israel e que que considera condenáveis. O Coletivo compromete-se a desenvolver estas questões a seu tempo, mediante a resposta da UMinho, ou perante a ausência dela”, refere.

Nessa mesma reunião, Rui Vieira de Castro “elogiou a conduta do movimento estudantil em protesto na Universidade do Minho”.

“A isto, o Coletivo responde publicamente com reconhecimento ao respeito que a Universidade tem demonstrado para com a liberdade de manifestação dos estudantes, não tendo, até ao momento, convocado a intervenção das forças policiais no Campus, tal como, em boa verdade e consciência, não deve acontecer num estado democrático”, diz.

O movimento estudantil da UMinho manifesta, ainda, a sua “solidariedade” para com as “companheiras de outras universidades, vítimas de repressão das suas direções e reitorias e de violência policial, condenando a conduta antidemocrática das suas instituições.”.

“Em resposta ao embaixador de Israel em Portugal, representante do poder colonial investigado nas mais altas instâncias do direito internacional pela prática de genocídio, o Coletivo quer salientar que discorda da sua leitura dos protestos a decorrer em todo o país”, escreve o Coletivo da UMinho.  

E acrescenta: “O Coletivo posiciona-se afincadamente contra discursos antissemitas, bem como contra todo e qualquer discurso de ódio e violência. As estudantes continuam a ocupação, de forma permanente, acampando dentro das instalações, num dos edifícios principais da Academia Minhota, onde são recebidas por docentes e funcionárias com empatia e palavras encorajadoras”.

Ainda não há previsão para o fim do protesto e o Coletivo diz estar “irredutível em obter respostas objetivas e materiais às suas reivindicações”.

 
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