A greve às aulas “como alerta” para os perigos das alterações climáticas juntou, em Braga, cerca de 250 estudantes que entre ‘slogans’ ambientais e uma volta pela cidade lamentaram o “aproveitamento político” da manifestação.
“Destacámo-nos de qualquer partido, não aceitámos qualquer contribuição, não apoiámos qualquer tipo de partido. Eles estão a tentar beneficiar da associação com este ambiente jovem, esta é uma ‘manif’ pacífica e não podemos condenar a liberdade de expressão de ninguém, mas é óbvio que não apoiamos mas também não podemos proibir”, explicou à Lusa um dos organizadores da manifestação, Bernardo Almeida.
Embora descontentes com as bandeiras políticas do Movimento Alternativa Socialista (MAS), o grupo fez por se ouvir e por mais de duas horas passou mensagens ambientais a lembrar que “esta é a última geração a poder salvar o planeta”.
“O dinheiro não compra ar puro”, “Unidos podemos voltar a tornar a Terra Verde”, “Abre os olhos enquanto a poluição de deixa”, foram algumas das mensagens repetidas e escritas em vários cartazes.
“Juntamos aqui diversos estudantes de várias escolas de Braga. Todos sabemos que vamos ter faltas injustificadas, mas o nosso futuro justifica-as por si”, disse Bernardo Almeida, que não deixou de criticar os diretores das escolas pela opção de não justificar as faltas aos participantes.
Depois de passarem a mensagem, de forma ruidosa, alegre e até divertida, o grupo desfilou até à Câmara Municipal de Braga, onde gostava de ter sido ouvido pelo presidente da autarquia, que justificou a falta por estar ausente do país.
“É uma pena. Gostávamos que nos ouvisse porque algumas destas coisas também passam por medidas autárquicas, de proximidade”, lamentou à Lusa Catarina dos Santos, também ela ligada à organização.
Hoje, tal como dia 15 de março, milhares de jovens de mais de cem países, fazem hoje greve às aulas para protestar contra a o “esquecimento dos vários Governos sobre as alterações climáticas e as suas consequências”.
O movimento grevista é inspirado na luta da sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que no ano passado iniciou um boicote às aulas indo para a porta do Parlamento da Suécia para exigir ações urgentes para travar as alterações climáticos.
Na quinta-feira, a Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente (CPADA) alertou para tentativas de aproveitamento político da greve climática estudantil marcada para hoje.
Em comunicado, a CPADA disse que há “tentativas de infiltração”, no movimento estudantil, “de organizações ligadas a interesses ideológicos e políticos de vários carizes”.
A CPADA, diz no documento, teme que o aproveitamento por parte de outras entidades possa retirar a genuinidade e autenticidade do movimento estudantil, e que os objetivos dos estudantes possam ser desvirtuados.