“Precisamente porque a pandemia afetou mais as mulheres, ou veio, pelo menos, acentuar ainda mais as discriminações e desigualdades, entre homens e mulheres, é importante estarmos aqui hoje, no Dia Internacional da Mulher, a marcar uma posição”, afirma a O MINHO, Marta Caleiro, dirigente da UMAR, no centro histórico de Braga.
Dezenas de pessoas aderiram hoje à greve internacional feminista convocada pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), em colaboração com a “Rede 8 de março”, às 18:30, com concentração no centro histórico de Braga. Aos ativistas e movimentos organizadores do protesto, que decorreu na Avenida Central, juntaram-se elementos do núcleo antifascista de Braga e do Bloco de Esquerda.
Marta Caleiro, rosto do movimento, explica porque considera que o género feminino foi particularmente atingido pela pandemia: “Mulheres que se encontram em profissões altamente feminizadas, como cuidadoras formais ou informais, nos lares e nas creches, foram as primeiras a vir para o desemprego. Já nem falamos das cabeleireiras, ou das profissionais domésticas, que estão a ser altamente penalizadas, pela crise pandémica”.
A greve feminista, este ano, apresentou um conjunto de reivindicações sociais, particulares, em relação a anos anteriores: as contratações coletivas, como forma de esbater a desigualdade de género, o direito à habitação como um compromisso entre o sexo feminino e o Estado, o fim da violência de género e o apoio do estado no fortalecimento dos vínculos laborais das mulheres.
“Os estudos indicam que as mulheres desempenham os trabalhos mais precarizados e os trabalhos mais mal pagos, o Estado devia responsabilizar-se por esses números”, afirma a organizadora do protesto, enquanto explica, que o que a move são as pessoas, nomeadamente as mulheres.
Miguel, jovem de 20 anos, presente no protesto da Avenida Central, justifica que esta luta não é só de mulheres: “Os homens devem solidarizar-se com a luta internacional do 8 de Março, é uma luta de todos. É preciso desconstruir os papéis de género, para criarmos uma sociedade mais justa e igual, entre homens e mulheres”.
A greve feminista internacional do 8 de Março, anunciada pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), em colaboração com a “Rede 8 de Março”, apelou “à solidariedade com a greve feminista internacional, compreendendo os constrangimentos na sua adesão plena, pelas questões sociais e económicas que se colocam, resultantes da situação pandémica e do confinamento”.
Mulheres assassinadas em 2020
O estudo desenvolvido pelo “Observatório de Mulheres Assassinadas”, da UMAR, fundado em 2004, contabilizou, durante o ano de 2020, 30 assassinatos resultantes de casos de violência doméstica. A O MINHO, Marta Caleiro comenta: “As mulheres representam 80% das vítimas dos casos de violência doméstica. A desigualdade no trabalho e no acesso à habitação são algumas das razões que contribuem para a fragilidade do sexo feminino aos olhos dos agressores”.