Manifestação em Lisboa por jovem de Guimarães atropelado mortalmente por taxista na passadeira

Afonso Gonçalves tinha 21 anos
Foto: DR

Familiares e amigos de Afonso Gonçalves, jovem de Guimarães que morreu há cinco meses atropelado na Avenida dos Estados Unidos da América, zona de Entrecampos, em Lisboa, realizam no sábado uma manifestação para exigir “medidas eficazes” de redução da sinistralidade rodoviária.

“O Afonso pode salvar vidas!” é o mote da manifestação que se irá realizar em memória do jovem Afonso Gonçalves, de 21 anos, que foi atropelado mortalmente em 08 de setembro de 2024, ao atravessar uma passadeira no cruzamento da Avenida dos Estados Unidos da América com a Avenida Rio de Janeiro.

Este jovem foi atropelado por um taxista que, “após o embate e mesmo sabendo que tinha atingido a vítima”, “seguiu viagem sem prestar ou promover qualquer socorro”, de acordo com o Ministério Público (MP). O taxista encontra-se em prisão preventiva e está acusado pelo MP dos crimes de homicídio, condução perigosa e omissão de auxílio.

Cinco meses após o atropelamento mortal, familiares e amigos de Afonso Gonçalves, assim como cidadãos preocupados com a segurança rodoviária, vão reunir-se no sábado, pelas 17:00, no cruzamento da Avenida dos Estados Unidos da América com a Avenida Rio de Janeiro, manifestando-se pela “exigência de medidas de segurança e agravamento da moldura penal para a omissão de auxílio”.

Num comunicado enviado à comunicação social, o grupo “Justiça pelo Afonso”, que integra familiares e amigos do jovem natural de Guimarães e que estudava em Lisboa, refere que “esta manifestação tem um duplo propósito”, em que se destaca a ideia de “lembrar o Afonso e todas as vítimas de atropelamentos nesta zona”, apelando à Câmara Municipal de Lisboa para a implementação de “medidas eficazes que ponham fim às tragédias que continuam a ocorrer naquela via, conhecida como ‘a passadeira da morte’ desde 1999”.

Outro dos propósitos da manifestação é iniciar uma petição para que a Assembleia da República discuta o agravamento da moldura penal da omissão de auxílio, especialmente nos casos de atropelamento com vítimas mortais, por consideraram que, “atualmente, a lei cria um paradoxo inaceitável: fugir de um atropelamento pode ser menos penalizado do que conduzir alcoolizado”.

De acordo com os familiares e amigos de Afonso Gonçalves, o atropelamento mortal do jovem estudante da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e membro da tuna anTUNiA “gerou uma enorme comoção a nível nacional e internacional”, com homenagens em Portugal, Espanha, Holanda, México, Canadá e outros países.

“Justiça pelo Afonso”

No âmbito da manifestação convocada para sábado, o grupo “Justiça pelo Afonso” disse que a presença de representantes da sociedade civil, entidades públicas e grupos parlamentares será “um sinal de compromisso” para tornar as estradas portuguesas mais seguras e “garantir que a justiça protege as vítimas em vez de beneficiar os infratores”.

Na sequência da morte de Afonso Gonçalves e de outro atropelamento mortal na mesma zona, a Câmara de Lisboa aprovou, em dezembro, uma proposta do Livre para adoção de medidas contra a sinistralidade rodoviária, inclusive a “redução imediata das velocidades”, no eixo Avenida das Forças Armadas – Avenida Estados Unidos da América, na zona de Entrecampos.

A proposta do Livre foi viabilizada com os votos contra da liderança PSD/CDS-PP (que governa sem maioria absoluta) e os votos a favor da oposição, nomeadamente PS, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PCP, Livre e BE.

Intitulada “Zero mortes nas ruas de Lisboa”, a proposta do Livre determina a criação de uma equipa multidisciplinar para analisar os acidentes com feridos graves e mortes, assim como a “redução imediata das velocidades no eixo Avenida das Forças Armadas – Avenida Estados Unidos da América”, com instalação prioritária de radares de sinal vermelho e velocidade nos locais onde ocorreram atropelamentos mortais.

A liderança PSD/CDS-PP também apresentou uma proposta, inclusive para reafirmar a prioridade da segurança rodoviária em toda a cidade, nomeadamente no eixo Avenida das Forças Armadas – Avenida Estados Unidos da América, mas esse documento ficou prejudicado com a aprovação da iniciativa do Livre.

 
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