Mais sobre o ‘Silicon Valley’ que empresa de Braga vai erguer em Matosinhos

Castro Group quer mudar paradigma na construção

São 140 mil metros quadrados, dos quais 60 mil serão ocupados pela empresa vimaranense Farfetch. O restante espaço ficará sob a alçada do Castro Group, empresa de Braga que assegura a construção, e será ocupado por edifícios de escritórios e serviços, um hotel com 75 quatros, 42 apartamentos e um anfiteatro ao ar livre, entre outras valências. Trata-se do Fuse Valley, um empreendimento ousado que albergará um futuro centro de inovação tecnológica desenvolvido em Matosinhos.

Em entrevista ao portal do Castro Group, publicada na segunda-feira, Paulo Castro destaca a conectividade e sustentabilidade do projeto, afirmando que “a cultura e as áreas verdes terão de fazer parte da equação”. Um tema revestido de “grande complexidade, pois coloca em causa a forma como nós, promotores imobiliários, pensamos os projetos”, acrescenta.

Maquete do projeto. Foto: Castro Group / Reprodução

Paulo Castro explica que “este empreendimento agrega várias componentes num só espaço – laborais, comerciais, sociais, culturais e de lazer – que, tal como outros parques empresariais que já conhecemos a nível internacional, procura suprir as necessidades do próprio empreendimento”.

No entanto – nota – “a existência deste conceito, não implica que as pessoas vivam exclusivamente neste espaço. Estas podem perfeitamente trabalhar num local e viver noutro”. O CEO diz que o Fuse Valley “está disponível para a cidade, para a comunidade, pois aquilo que iremos desenvolver não será apenas para quem lá trabalha. Tal como o contrário: as pessoas que lá trabalham poderão usufruir da cidade”.

Futuro Fuse Valley. Imagem: Lucian R

De acordo com o responsável da empresa bracarense, a localização do empreendimento “foi amplamente estudada e não aconteceu por acaso”: “Matosinhos proporciona, efetivamente, uma série de condições que promovem a atração de empresas e pessoas, mas nós também procuramos com este projeto impulsionar esta localização para outra dimensão”.

Paulo Castro recorda que “existem outros parques empresariais” junto ao local, e que o próprio Castro Group tem “outros projetos para a mesma zona”.

Paulo Castro. Foto: Castro Group / Reprodução

“Acreditamos que Matosinhos, bem como toda a Área Metropolitana do Porto e Região Norte, pelas suas características atuais e pelas que está a desenvolver, cada vez atraia mais talento e se torne uma referência, inclusivamente no estrangeiro, para empresas que queiram instalar-se cá” considera.

Outra das características do Fuse Valley – e de todos os projetos do Castro Group – passa por gerar energia de forma a facilitar o autoconsumo: “Mais do que gerar energia, procuramos construir um edifício eficiente que permita poupar o consumo dessa energia”, salienta.

“Fachadas e sistemas de AVAC eficientes, coberturas verdes que permitem um maior equilíbrio da temperatura interior, bem como sistemas BMS (Building Management System) para a gestão de operações, são algumas das possibilidades”, adiantou, na mesma entrevista.

Sede do Castro Group, em Braga. Foto: Nelson Garrido

Quanto à produção de energia, a empresa está ainda a “estudar as melhores soluções” a aplicar, “mas os painéis fotovoltaicos para autoconsumo individual serão uma realidade”.

À semelhança do Fuse Valley, explica Paulo Castro, todos os projetos do grupo “terão de ter uma certificação ambiental e, no futuro, todos os promotores serão incentivados a fazer o mesmo, pois o mercado vai nessa direção, os clientes vão exigir isso”.

O CEO afirma que, “antes o pensamento focava-se na maximização do lucro, mas hoje procura-se um maior equilíbrio entre rentabilidade e o conforto daqueles que irão usufruir do espaço, seja ele de trabalho ou habitacional, respeitando valores como a sustentabilidade ou eficiência energética”.

Futuro Fuse Valley. Imagem: Lucian R
Futuro Fuse Valley. Imagem: Lucian R
Futuro Fuse Valley. Imagem: Lucian R

“Consideramos que estes fatores são determinantes para valorizar o empreendimento e vender o produto, ora ao cliente final ora aos fundos, pois caso contrário não vamos conseguir entrar nesses mercados”, conclui.

Farfetch

O plano para a criação de espaços dentro da empresa vimaranense inclui uma creche para os filhos dos colaboradores, uma academia focada no bem-estar e também salas para a prática de meditação, ioga e exercício, promovendo a saúde física e mental, num vale que, “pela sua simbiose com a natureza, tem por si só uma proposta de valor diferenciadora”.

José Neves, CEO e Chairman da Farfetch, citado em comunicado enviado a O MINHO, aquando da apresentação do projeto, em 2021, explicou que “os espaços da empresa são mais do que espaços de trabalho. São núcleos de conexão, de criatividade e inovação, mas são também espaços onde queremos criar as condições para promover o bem-estar”.

Notícia atualizada às 22h40.

 
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