Uma réplica do barco “água arriba”, que antigamente fazia o transporte de pessoas e mercadorias no rio Lima, vai ser lançado à água, na sexta-feira, em Ponte de Lima, para “recuperar uma memória coletiva” e para fins turísticos.
“Há 60 anos que não existia uma “água arriba” nas águas do rio Lima. O nosso objetivo é recuperar uma memória coletiva associada à navegabilidade do rio e de toda a atividade comercial e social que existia nas margens do rio Lima, entre Ponte de Lima e Viana do Castelo”, afirmou hoje à agência Lusa o vereador da Câmara de Ponte de Lima, Paulo Sousa.
O “água-arriba” é uma construção artesanal que até meados do século XX assegurava o transporte de pipas, pelo rio Lima, das terras do interior até à foz, em Viana do Castelo, no Alto Minho.
“Já são escassos os exemplares deste tipo. Perde-se no tempo a memória da origem desta embarcação, que partia pela ribeira Lima, rumo às duas feiras mais importantes: Ponte de Lima e Viana do Castelo. Estes que foram dos mais emblemáticos barcos de trabalho do rio Lima saíam dos ancoradouros na hora da maré, de leme em mão, para que a corrente pudesse ser aproveitada. A vela era usada sempre que o vento o permitia. Mediam entre 12 a 15 metros e os seus compartimentos eram ocupados por pessoas, animais e mercadorias”, explicou Paulo Sousa.
Vídeo: Em 2010, conforme documentam as imagens partilhadas na Internet, foi lançado ao rio Lima o água-arriba “Lanhezes”, na freguesia de Lanheses, Viana do Castelo, que viajou até à vila limiana.
O responsável pelas áreas do Desenvolvimento Rural, Educação, Turismo e Modernização Administrativa disse que a embarcação, batizada com o nome de Ponte de Lima, pretende ainda “imprimir uma nova dinâmica turística no concelho, potenciando o turismo náutico a partir do centro histórico da vila, servindo de oportunidade para a criação de novos serviços e de novas experiencias turísticas”.
O “água arriba” era uma embarcação com vela e leme, com cerca de 12 a 15 metros de comprimento, que fazia a ligação pelo rio Lima entre Viana do Castelo e Ponte da Barca, transportando mercadorias e pessoas, nos tempos em que não havia transportes terrestres.
Paulo Sousa realçou ainda a vertente pedagógica, explicando que o “água-arriba” proporcionará aos alunos do concelho um “conhecimento da identidade local” e, através de passeios a realizar pelas escolas, conhecer a tradição do transporte e de comércio que era garantido por aquelas embarcações”.
Com 15 metros de comprimentos e entre quatro a cinco de largura, o barco “Ponte de Lima” vai ser lançado à água na sexta-feira, pelas 17:30.
Paulo Sousa adiantou que a embarcação, “em processo de certificação, terá capacidade para transportar 30 pessoas”.
A barco foi construído por um pescador da freguesia vizinha de Lanheses, no concelho de Viana do Castelo, conhecido por “Caninhas”.
“É um senhor com muita experiência na recuperação e construção deste tipo de embarcações antigas. Já construiu um barco igual para Lanheses e ainda réplicas das pirogas, achadas no rio Lima em 2003, ambas com cerca de 2.300 anos”, explicou Paulo Sousa.
O responsável adiantou que o autodidata “ofereceu” a mão-de-obra e o município investiu na aquisição dos materiais, a madeira, o ferro e um motor.
Os preparativos para a construção da réplica arrancaram há seis meses, com a aquisição de um pinheiro de grandes dimensões, de onde foram serradas tábuas com o comprimento de 15 metros.
“O pinheiro foi comprado em Amares porque tinha de ser um exemplar de grandes dimensões”, especificou.
Na sexta-feira o Ponte de Lima irá fazer um passeio experimental para começar a operar “em breve”.
Notícia atualizada às 19h56 com mais informação