Cerca de 580 pessoas foram, este ano, convidadas pelo mordomo da Cruz em Fontão, concelho de Ponte de Lima, para o almoço de domingo de Páscoa, mantendo assim viva uma tradição pascal secular naquela freguesia.
“Decidi convidar todas as pessoas que conheço na freguesia. Bati a todas as portas das pessoas que conheço em Fontão, não descriminei ninguém”, afirmou esta segunda-feira o mordomo Henrique Costa.
Ex-emigrante no Canadá, e empresário do setor da distribuição alimentar, Henrique Costa adiantou que ficou “muito feliz” quando, no ano passado, recebeu o ramo da cruz simbolizando que, em 2016, seria o responsável pela organização do tradicional almoço pascal na freguesia de Fontão.
“Fiquei muito feliz porque é uma festa da paz, que se realiza todos os anos numa freguesia muito unida”, disse o empresário de 50 anos que alugou uma quinta, e contratou uma empresa para servir o almoço pascal.
“Tenho o meu tempo muito limitado, por causa dos supermercados. Decidi entregar a confeção do repasto a uma empresa e aluguei um espaço agradável. Assim também aproveitamos melhor o convívio”, explicou, adiantando que ainda não fez as contas ao que vai gastar.
“Contas só no fim. Agora é aproveitar porque aqui em Fontão damos muito valor à Páscoa”, disse.
O repasto deverá prolongar-se durante várias horas para degustar os pratos que compõem o menu.
“Além dos aperitivos e da canja dourada, temos filetes de pescada e cozido à portuguesa com os ingredientes caseiros”, explicou.
Não vai faltar a doçaria típica da época como o pão-de-ló, o leite-creme queimado, o arroz doce, a aletria com desenhos de canela, os bolos brancos de gema, os rosquilhos, as amêndoas, os beijinhos e os rebuçados da Páscoa, tudo acompanhado pelo melhor vinho da região.
A escolha do mordomo do ano seguinte é sempre um dos momentos altos da refeição.
A mulher do anfitrião, de raminho de laranjeira na mão, percorre as diversas mesas, simulando deixá-lo aqui e ali e pregando vários sustos aos convivas, até o depositar definitivamente nas mãos do eleito.
Além de dar de comer a quase toda a freguesia, o mordomo tem ainda que, durante um ano, assegurar a limpeza da igreja e os serviços do sacristão.
Ainda no concelho de Ponte de Lima, mas na freguesia de Vitorino das Donas, é tradição, durante o compasso pascal, o mordomo e os acompanhantes levarem, atados na cabeça, lenços de mulher ou “cachenés”, à moda dos piratas, tendo ainda o mordomo de usar, a tiracolo, uma toalha branca de linho puro.
A outra particularidade da Páscoa naquela freguesia é a orquestra de violinos que acompanha o compasso e que, no final do dia, segue também o ritual da concentração das várias cruzes que andaram pela freguesia.
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