Mais de 350 mordomas já se inscreveram para participar no desfile da mordomia, um dos números emblemáticos das festas da Agonia, em Viana do Castelo, considerada a maior montra ao ar livre, de trajes e ouro, do país.
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A vereadora da Cultura da Câmara Municipal, Maria José Guerreiro, adiantou que aquele número poderá atingir as 400 uma vez que “ainda não estão contabilizadas as inscrições feitas nas Juntas de Freguesia”.
A responsável congratulou-se com a adesão que, garantiu, não foi afetada pela obrigatoriedade, este ano pela primeira vez, de apresentar uma fotografia com o traje a envergar naquele número.
“A maioria das pessoas não vê como problemático o facto de ter que apresentar uma imagem do traje, inclusivamente, até agradecem porque ficam elucidadas. Há ainda um grande desconhecimento relativamente às várias tipologias dos trajes”, sustentou.
Maria José Guerreiro, adiantou que a autarquia tem promovido diversos ‘workshops no Museu do Traje da cidade para explicar “as regras do bem trajar, e do bem ourar”.
O desfile da mordomia é o momento em que os diferentes trajes das freguesias de Viana se encontram e mostram, de uma só vez à cidade.
De acordo com a página oficial da VianaFestas, “Somos todos Romaria”, trata-se de uma tradição cada vez mais enraizada, entre as mulheres de Viana do Castelo, e que junta várias gerações, neste quadro único das festas.
O desfile da mordomia é a forma dos organizadores apresentarem cumprimentos às várias autoridades, Estado, autárquicas e eclesiásticas presentes na cidade.
Em 2013, estimou-se em cerca de 14 milhões de euros, o valor das centenas de quilos de peças de ouro usadas pelas mordomas naquele desfile.
Desde há dois anos, também as mulheres da ribeira de Viana do Castelo, com os seus trajes de varina, participam neste desfile.
O desfile da mordomia que, decorrer sempre a uma sexta-feira, a partir das 10:00, vai colorir a cidade com os vermelhos, verdes e amarelos dos típicos e garridos trajes das diferentes freguesias.
Não faltam também os fatos de noiva mais sóbrios, de cor preta. Neste número algumas das mulheres chegam a carregar, dezenas de quilos de ouro, reunindo as peças de famílias e amigos num único peito, simbolizando a “chieira” (orgulho), e outrora o poder financeiro das famílias.
A responsável anunciou que a certificação do típico “traje à vianesa”, com origem no século XIX, poderá ser anunciada nas festas da Agonia, entre 20 e 23 de agosto.
O processo de certificação foi iniciado pela Câmara Municipal em 2013, pela necessidade de evitar a “confusão” e a “apropriação” do mesmo por outras regiões.
O traje assume-se como um símbolo tradicional da região, nas suas várias formas, consoante a ocasião e o estatuto da mulher. Em linho e com várias cores características, onde sobressai o vermelho e o preto, foi utilizado até há cerca de 120 anos pelas raparigas das aldeias em redor da cidade de Viana do Castelo.
As características deste traje, como o seu colorido e a profusão de elementos decorativos, permitem identificar facilmente a região de origem, no concelho, motivo pelo qual se transformou, segundo os especialistas, “num símbolo da identidade local”.