Apesar de estar previsto na lei, um total de 2682 crianças estão sem médico de família atribuído, revelam os centros de saúde do Distrito de Braga inquiridos pelo Bloco de Esquerda.
De acordo com o BE, o levantamento feito pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda junto dos 55 agrupamentos de centros de saúde portugueses obteve 47 respostas e traça o quadro da insuficiência de médicos face aos objetivos definidos na lei aprovada em 2016.
O projeto Nascer Utente – diz o partido – “previa que todos os recém-nascidos passassem a ter médico de família atribuído de forma automática na instituição onde nasçam, mas a resposta ao inquérito mostra que tal não está a ser cumprido e existem 12 bebés nascidos desde o início de 2018 ainda sem médico de família atribuído”.
Lei não é cumprida
No que diz respeito ao número de crianças e jovens em idade pediátrica, o número dos que não têm médico de família ascende a 2670. Comparando com um inquérito semelhante feito em maio de 2017, o resultado mostra “uma evolução, mas a lei continua longe de ser cumprida”, afirmou o deputado bloquista Moisés Ferreira.
“É preciso encontrar uma solução, porque nestas idades é particularmente importante, sobretudo nos primeiros anos de vida, haver um acompanhamento mais regular e uma maior vigilância. O que nos preocupa é que, não estando atribuído um médico a estes recém-nascidos, crianças e jovens, esta vigilância esteja a ser prejudicada”, sublinhou o deputado bloquista.
“O Governo não pode ficar só por anunciar legislação sem se preocupar que ela seja cumprida. Tem de fazer cumprir a lei para os recém-nascidos e tem de fazer mais para contratar médicos de família, garantindo que os mais novos e os mais idosos, pela carga de doença, têm prioridade. Infelizmente, o Governo parece ficar mais pelos anúncios, não vai ver o que está a ser cumprido no terreno e no último ano e meio tem contribuído negativamente para a não resolução do problema com atrasos nos concursos para a colocação de médicos de família”, destacou o deputado Moisés Ferreira.