Mais de 250 pessoas no congresso climático de Ponte de Lima

Decorreu no último fim de semana, em Freixo, Ponte de Lima, a VI edição do Congresso Transfronteiriço de Meteorologia e Alterações Climáticas que contou com a participação de 250 pessoas ao longo de dois dias.

Em comunicado enviado às redações, a organização faz um balanço “francamente positivo atendendo à adesão recorde e à magnitude de que evento trouxe ao receber participantes da Galiza, Trás os Montes, região de Aveiro e também do longínquo Alentejo”.

Pedro Ribeiro da Silva, Coordenador Nacional da Rede de Cidades que Caminham, citado na mesma nota, alertou que “os eventos meteorológicos extremos têm impactos cada vez maiores no território português e o um bom ordenamento pode atenuar esses efeitos”.

Defendeu ainda a “necessidade de outras formas de mobilidade mais sustentável e a necessidade de pensar o Território, para o bem de todos”.

Por seu lado, o arqueólogo Luciano Vilas Boas da Universidade do Minho salienta que este período de aquecimento global (interglaciar) “é mais um período cíclico (últimos 10.000 anos), alternado com períodos glaciares”.

Acrescenta que “os estudos arqueológicos, através de datações, têm permitido entender os diferentes ambientes climáticos ocorridos na Antiguidade”.

A investigadora de Psicologia da Universidade do Minho, Jennifer Cunha apresentou estudos que apontam para “agentes da mudança poucos ativos e as estratégias de apelo ao medo sobre as alterações climáticas têm sido ineficazes”.

Sugere uma “revisão da literatura tradicional e mensagens acompanhadas por soluções a adotar”.

Paula Nunes da Silva, promotora do “Minuto Verde”, apresentado na RTP, diz que a estratégia deste programa em transmitir uma mensagem simples e eficaz tem tido resultados positivos. Acrescenta que a adaptação climática deve incidir em “preparar para” e os problemas ambientais só serão resolvidos se houver uma sensação de pertença da Comunidade, para querer defender o território local.

A geógrafa e climatologista Ana Monteiro da Universidade do Porto defende que perante “a avaliação do impacto climático, a solução não passa por impor, mas sim convencer a sociedade, colhendo mais benefícios dessa mesma estratégia”.

O meteorologista Santiago Salsón da MeteoGalicia apresentou novos estudos sobre os incêndios de Portugal e Galiza, revelando que o fator vento tem tido uma influência crescente.

“A exposição atlântica no nosso território tem sido cada vez mais determinante para as grandes catástrofes, nomeadamente de 2017 e 2024”, disse.

Salienta que “os incêndios convectivos duplicaram de 10 para 20 por ano. Outro problema na nossa Euroregião é a rápida regeneração do combustível em 3 ou 4 anos, claramente mais exposta ao risco”.

O presidente da Cooperativa do Barroso, Nuno Sousa, defende um novo paradigma para o território com a recuperação dos produtos tradicionais que gerem valor económico, mas sem perder a identidade e sempre numa perspetiva sustentável.

O território de Montalegre, reconhecido desde 2018 como “Património Agrícola Mundial” é um bom exemplo de valorização dos seus recursos e de gestão dos seus baldios.

Carlos Ribeiro, diretor do “Laboratório da Paisagem” em Guimarães, diz que “estamos a fazer muito aquém do suficiente, face às alterações climáticas”.

Apresentou um conjunto de ações de adaptação climática concretizadas em Guimarães, tendo resultado devido ao consenso político dos órgãos locais. Depois, a ligação com a comunidade também tem sido fundamental para a sua eficácia.

O jornalista da CNN Portugal/TVI, António José Leite foi repórter especial durante uma semana nas cheias de Valência (outubro de 2024) e transmitiu-nos que aquele cenário de catástrofe foi agravado pela inoperância política.

Disse ainda que sentiu “uma grande responsabilidade na cobertura jornalística dos factos, procurando sempre fazer uma cobertura muito alargada da reportagem”.

Susana Carvalho das “Águas do Norte”, diz que a empresa que representa tem implementado um Plano Estratégico de Adaptação às Alterações Climáticas, nomeadamente com medidas de contingência da seca.

Também partilhou que a seca do ano hidrológico 2021/22, ocorrida sobretudo em Trás-os-Montes, nomeadamente na barragem de Vila Chã apenas com 10% da sua capacidade e a obrigar a ações muito restritivas de consumo. Deixou ainda uma mensagem educativa da água, não esquecendo o seu valor ambiental, mas também financeiro.

Sara Rocha do Centro do Clima alertou para a importância de captar e mobilizar a comunidade local. O projeto implementado na Póvoa do Varzim, “Vidas em Transição” foi e “está a ser um sucesso com a mudança de práticas mais sustentáveis e ambientais, em prol da resiliência climática”.

 
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