O maestro Lourenço Cruz, de Caminha, está a votos num dos mais importantes concursos de música a nível mundial.
O músico de 42 anos concorre ao 28.º World Music Competition (Concurso Mundial de Música) na categoria de direção de orquestra.
Lourenço Cruz considera, em declarações a O MINHO, que participar num concurso deste nível é “muito bom”, quer pela “promoção do artista em si”, quer pela “avaliação do trabalho” que os músicos desenvolvem.
“Obviamente, somos avaliados no nosso dia a dia, mas num concurso é muito mais visível, há um controlo muito mais exigente, na nossa área”, destaca o maestro.
Nesta primeira fase, são recolhidos vídeos dos melhores músicos do mundo que estão reunidos no site do concurso e podem ser votados pelo público.
Porém, a votação do público é paga. Pode ser atribuído uma máximo de cinco pontos, sendo que cada um custa acima de quatro euros.
“Não é como muitas votações em que se podem criar várias conta de e-mail para votar no amigo. Esta é um pouquinho mais séria – espero eu – pelo facto de ser paga”, nota o maestro minhoto.
A assegurar credibilidade há também a avaliação de um júri “muito conhecido a nível internacional”.
Lourenço Cruz recebeu o e-mail com a notícia de que tinha sido selecionado no passado dia 10.
“Foi uma surpresa”, confessa a O MINHO.
“Tive a felicidade de estar em Viena a trabalhar com uma orquestra e também de ganhar o primeiro prémio [do Concurso Internacional de Direção de Orquestra, em Espanha], o que chama também um pouco a atenção”, justifica.
Em relação a expectativas, Lourenço Cruz é comedido: “São 70 participantes de todo o mundo. Gente que trabalha muito bem. Gostei do que vi, tenho que ter respeito, humildade e trabalhar muito. Tenho que fazer o meu melhor e o resto se tiver que vir, virá”.
O concurso, que habitualmente acontece em Viena, também está a ser afetado pela pandemia de covid-19.
Esta fase é mais online, mas na seguinte já haverá provas práticas e presenciais.
Por causa da pandemia, essa provas realizar-se-ão também fora da Áustria para locais mais próximos dos músicos, que, assim, não terão que viajar tanto. “Haverá um fase em Espanha, mas as seguintes ainda estão em stand-by“, aponta o músico.
Trocou o remo pelo trompete
Lourenço Cruz nasceu em França, filho de pais emigrantes, naturais de Lanhelas, em Caminha. Com quatro anos veio para Portugal.
Hoje está a lutar por um lugar entre os melhores do mundo da música, mas a arte “custou a entrar” quando era novo, recorda.
Nasceu no seio de uma família de músicos, mas o desporto interessava-lhe mais. “As minhas irmãs, os meus pais – o meu falecido pai era da Banda de Música de Lanhelas -, tenho muitos primos que também se dedicaram, uns de forma amadora e outros profissional, à música. Sempre houve aquele contacto com a música, mas ao princípio gostava mais de desporto. Fiz remo no Caminhense e custou-me um pouco virar-me para a música”, conta.
Mais tarde, todavia, foi “convencido a ingressar na escola profissional de música de Viana do Castelo” e aí tudo mudou.
“Tive a sorte de encontrar professores que conseguiram motivar-me para esta área, nomeadamente o professor Paulo Silva, pelo qual tenho um enorme respeito. Foi o meu mentor. A forma de trabalhar dele ajudou-me muito a gostar desta área”, realça Lourenço Cruz.
O seu primeiro instrumento foi o trompete. Atualmente, “por questões de trabalho”, é o piano que o “acompanha sempre, mas o principal é o trompete”, refere o maestro, que vive em Viana do Castelo e trabalha em Trás-os-Montes.
Em Vila Real dirige a Banda Marcial e a Escola de Música de Murça. Em Mirandela dirige o Grande Coro da delegação local da Cruz Vermelha Portuguesa e é maestro titular da Orquestra Clássica de Trás-os-Montes e Alto Douro.