O músico Adolfo Luxúria Canibal é o coordenador do programa autárquico do PS no concelho de Braga, um confesso anarquista que aceitou integrar “uma candidatura cívica” para “salvar a cidade do massacre” da governação da “coligação de direita”.
Hoje, em declarações à Lusa, o advogado, com o nome civil de Adolfo Macedo, apontou a Cultura e o Ambiente como duas das áreas que mais o preocupam e lançou o repto a “todas as forças de esquerda para se juntarem à candidatura de Hugo Pires” para derrotarem a coligação Juntos por Braga nas eleições autárquicas deste ano.
O vocalista do grupo “Mão Morta” justifica a passagem do mundo das Artes para a arte da Política com o “amor por Braga” e com o receio de que “se nada se fizer acaba-se sem cidade”.
“Eu não tenho partido político, entro nesta luta como independente, sou mais um anarquista do que outra coisa qualquer. Esta minha ação não é um ato partidário mas um grito de revolta face ao descalabro municipal que ninguém vê aparentemente”, afirmou.
Luxúria Canibal lembrou o percurso de “forte crítica” à política do socialista Mesquita Machado, que presidiu à autarquia de Braga 37 anos, mas considerou que “quando pensava que não podia piorar, eis que vem Ricardo Rio e um massacre propagandista, uma falta de ideias, de ação e de atitude”.
Questionado sobre o facto de integrar uma candidatura encabeçada por um ex-vereador de Mesquita Machado, de quem foi um assumido crítico, o músico explicou que “a candidatura de Hugo Pires é uma rutura” com o “mesquitismo”.
“É verdade que [Hugo Pires] foi vereador de Mesquita Machado mas a prova de que representa um romper com esse passado, que acho horrível, é a falta de apoio do PS local à sua candidatura, PS esse que continua a ser controlado por Mesquita Machado”, justificou.
Para o advogado, “é uma candidatura aberta, muito mais do que partidária, que quer juntar forças políticas, ideias e pessoas com o objetivo de derrotar Ricardo Rio e a sua coligação”.
“É um repto para o futuro. Eu gostava que outros partidos políticos, como a CDU ou o BE, se juntassem a esta candidatura, numa espécie de geringonça, para derrotar a direita que está no poder”, lançou.
Adolfo Macedo apontou duas áreas como “exemplo do que pouco ou nada se faz” em Braga: “Vejamos a Cultura e o Ambiente, duas áreas que me são muito próximas. Ao nível cultural, a ação de Ricardo Rio resume-se às Noites Brancas e à Braga Romana, que estão estruturadas para serem mais uma festa de cerveja e bolos do que manifestações culturais. Na área ambiental, nada se fez. Muito foi anunciado mas ações, coisas concretas, nenhuma”, enumerou.
“Há um vasto anúncio do maior parque disto e daquilo, mas resume-se tudo a lírios. Braga precisa de mais”, reforçou.
Adolfo Luxúria Canibal considerou que “Ricardo Rio e a sua coligação acabaram com aquilo que é típico, característico da cidade em termos culturais, uma cidade que era um grande polo de atração de música e fotografia e não fez mais nada além do que já havia ou destruiu o que já havia, calando os grupos musicais que não alinham com o poder instalado”.
Segundo Luxúria Canibal, “não há um lápis azul, mas há outro tipo de lápis. O lápis das multas pelo barulho, das licenças e semelhantes”, concluiu.
As eleições autárquicas não têm ainda data marcada, sendo que à Câmara Municipal de Braga já foram confirmados como candidatos Ricardo Rio (PSD/CDS-PP/PPM) e Hugo Pires (PS).