Representantes do consórcio LusoLav, que apresentaram hoje as suas propostas na reunião de Câmara de Gaia para alterar o projeto do TGV, admitiram “receio formal” sobre o seu encaixe no concurso público, e disseram que até podem sair mais caras.
“Relativamente ao tema do receio formal de isto poder constituir uma alteração ao programa do procedimento e tudo mais, nós confessamos que isso é uma dúvida que nós temos também”, disse hoje Rui Guimarães, do consórcio LusoLav, numa resposta ao vereador do PSD Rui Rocha Pereira.
O engenheiro do consórcio LusoLav (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto) apresentou hoje na reunião de Câmara de Gaia as propostas para mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária, tendo sido aprovadas com votos favoráveis do PS.
Rui Guimarães disse ainda que apesar de propor a mudança de estação para a zona do Guardal de Cima, perto de São Caetano, em Vilar do Paraíso, tem de fazer o túnel a passar em Santo Ovídio na mesma e “metade do dinheiro ja ficou lá”, pois não é possível “trazer esse dinheiro para fazer a estação à superfície”.
“Vou-lhe dizer isto, não se vai acreditar: mas esta estação [a sul] é muito mais cara do que a outra para nós, somando também a linha do metro que temos que fazer, a parte da infraestrutura, que tem um viaduto com 900 metros, e mais 800 metros e um túnel e a estação de chegada”, respondeu a Rui Rocha Pereira.
O responsável disse ainda que a estação ou túnel de Santo Ovídio também implica um sistema de exaustão e sistemas de segurança que teriam sempre de ser feitos, bem como “a saída de emergência naquele ponto”, pelo que a racionalidade de optar por uma opção mais cara se prende com questões de financiamento do projeto e “o risco” de não ter “controlo sobre o processo”.
“Somos do género de que queremos que aconteçam as coisas, não queremos apostar numa coisa que depois…”, disse sem completar a frase, acrescentando que não se importa de “investir um pouco mais mas saber que isto vai acontecer”.
Mais tarde, disse que a nova estação proposta pelo LusoLav “claramente é mais cara” do que fazê-la em Santo Ovídio em túnel, solução que também suscitou preocupações de segurança e operação.
“Tentámos, no nosso projeto que entregámos da estação enterrada [em Santo Ovídio] criar saídas de emergência múltiplas, fizemos dois poços gigantes, o mais abertos possível” para abordar essas preocupações, revelou, sendo a solução original “complicada” mas “completamente exequível” não havendo “nenhum problema em fazê-la”.
Antes, tinha também explicado que há problemas de financiamento na origem das propostas de alteração da LusoLav.
“Tivemos alguns fundos que antes de encontrarmos esta solução [da nova estação] e a começarmos a desenvolver mais, automaticamente saíram do processo só por causa da estação enterrada de Vila Nova de Gaia”, por riscos ao nível do prazo, algo que o consórcio contraria e acredita ser possível contornar.
Por outro lado, “há outros fundos e outras entidades financeiras que estão a aceitar, conseguem conviver com a estação enterrada”, mas ainda faltam “um par de confirmações”.
Já quanto à proposta para fazer duas pontes em vez de uma rodoferroviária, disse que “é outro caso” idêntico, e revelou que “custam sensivelmente a mesma coisa” do que fazer só uma.
“É verdade. Pelas contas que nós fizemos, o preço está mais ou menos igual”, referiu, sendo atualmente difícil perceber atualmente “qual de facto seria mais cara”.
Também Jorge Rodrigues, do consórcio LusoLav, disse não haver problema em fazer a estação em Santo Ovídio.
“Se for essa a solução, nós fazemos. Não é esse o problema”, dizendo que o consórcio concorreu com aquela estação e assume “essa responsabilidade”.
O Governo disse hoje estar em diálogo com a IP sobre o tema, e tanto a IP como a Câmara do Porto disseram desconhecer as propostas.