Marta Capa, jovem lusodescendente de 25 anos com raízes em Braga, é um dos 56 jovens ativistas que vão fazer campanha pelo acesso a vacinas contra a covid-19 através da série Pandemica, da ONG ONE, co-fundada por Bono Vox, vocalista dos U2.
Durante um ano, Marta irá ser embaixadora da organização mundial a partir de Bruxelas, na Bélgica, de onde é natural. Irá alertar cidadãos e políticos para as desigualdades nos países mais pobres.
Um dos motes será a divulgação da série animada Pandemica, criada pela ONE, de forma a aumentar a “conscientização sobre a importância crítica de se obter vacinas para todos os países o mais rápido possível”, conforme explicou a jovem a O MINHO.
A série animada apresenta personagens com vozes de Deborah François, Virginie Efira, Bono, Connie Britton, Penélope Cruz, Meg Donnelly, Danai Gurira, Nick Kroll, Laura Marano, Patrick Adams, Samuel Arnold, Kumail Nanjiani, David Oyelowo, Phoebe Robinson, Michael Sheen, Wanda Sykes, e Calum Worthy.
Marta explica que “menos de 1% das doses administradas globalmente foram para pessoas em países de baixo rendimento, enquanto um punhado de países ricos têm vacinas suficientes para inocular toda a sua população e ainda um excedente de mil milhões de doses”, e que isso é um fator de preocupação.
“Estou muito empolgada por fazer parte dos Embaixadores da Juventude da ONE para garantir que as vacinas cheguem a todos, onde quer que estejam no mundo, independentemente da nacionalidade ou rendimento, porque sem acesso global às vacinas, esta pandemia nunca terá fim. Uma crise global requer uma resposta global”, disse.
Emily Wigens, diretora de campanha da ONE na União Europeia, explica que a “tarefa dos Embaixadores da Juventude não poderia ser mais relevante, dado que enquanto alguns países avançam nas suas campanhas de vacinação, um terço do mundo ainda não viu uma única dose”.
Quem é Marta Capa?
Identifica-se como uma “jovem artista, ativista e gestora cultural”. “Associo o meu interesse sócio-político e ativismo com a minha perspectiva artística numa prática multidisciplinar que abrange desde artes plásticas, instalações públicas, filmes e eventos culturais até jornalismo, campanhas, ações de sensibilização e educação”, disse ao nosso jornal.
Nada e criada na Bélgica, estudou em Londres, viveu e trabalhou na América Latina e fez um mestrado em Barcelona.
“Voltei recentemente à Bélgica por causa da situação da covid. O efeito da pandemia sente-se muito no meio cultural, onde a maioria das instituições artísticas continuam fechadas. De momento estou a trabalhar em vários projetos mas com a falta de investimento e apoio ao sector e as restrições impostas pelo governo Belga a sua concretização tem sido dificultada”, contextualiza.
Conta que a “mãe e grande parte” da família “são bracarenses”. “Por isso tenho uma ligação muito forte com a cidade e com o litoral minhoto, uma vez que desde pequena passava aí grande parte das minhas férias”, recorda.
“Gostava de viver em Esposende”
Questionada sobre uma eventual preferência por Portugal, depois de já ter viajado pelo mundo, confessa que tem interesse em viver em Esposende.
“Sempre pensei um dia ir viver para Portugal, nomeadamente para a zona de Esposende onde tenho grande afinidade, mas até hoje ainda não aconteceu; parece que o resto do mundo chama por mim e eu vou. Por enquanto só tenho vontade de poder ir ver a minha família, abraçá-los, estar com eles e voltar a pôr os pés na água fria do Norte”, confidencia.
Mas, para já, espera um ano de desafio em nome de uma organização fundada por um vulto mundial da música, o vocalista de U2, uma das bandas favoritas de Marta.
“É uma daquelas bandas clássicas e eternas. Tenho várias memórias da adolescência associadas às suas músicas, nomeadamente algumas maleitas de amor ao som do With or without you”, recorda.
“Sunday Bloody Sunday, “Pride”, “Bullet the Blue Sky”, “Walk On”, entre outras, são algumas das canções “mais politicamente empenhadas” que compõe a playlist de Marta, também ela agora “politicamente empenhada” em conseguir colocar uma vacina em cada cidadão dos países pobres em todo o mundo.