“Com apenas a luz ténue da penumbra, o vulto de um lobo ibérico surge na paisagem depois de um magnífico pôr do sol”. A descrição é do fotógrafo e videógrafo de Natureza, Carlos Pontes, natural de Ponte da Barca, que se tem dedicado ao registo da flora e fauna do Parque Nacional Peneda-Gerês.
Numa semana em que um exemplar da espécie foi avistado junto a uma estrada municipal entre Cerveira e Paredes de Coura, no coração do PNPG os lobos muito dificilmente se deixam observar, fazendo com que cada registo se torne indispensável para que se conheça mais das alcateias, também em termos científicos.
Quem é Carlos Pontes?
Um apaixonado pela fotografia de fauna selvagem. Natural de Ponte da Barca, desde criança que tem contacto com o Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG), não só com a área inserida em Ponte da Barca mas também em Arcos de Valdevez e Melgaço, zonas com as quais mais se identifica.
É hoje considerado um autor diferenciador dos animais e paisagens do PNPG. Esteve sempre em contacto com serras e animais, enquanto se formou em design e buscou conhecimentos em biologia. Com grande habilidade técnica no mundo da natureza e fotografia, estuda teoria e prática sobre as áreas e espécies que fotografa.
Venceu alguns prémios em concursos nacionais de fotografia, colaborou com documentários de vida selvagem transmitidos pela televisão portuguesa e colabora em publicações da National Geographic
Mais recentemente, colaborou como câmara no novo projeto “DEHESA – el bosque del lince” do aclamado produtor e realizador de filmes de natureza, Joaquin Gutierrez Acha.
Esta produção, sobre sobre Portugal e Espanha é da autoria de um dos melhores realizadores da Europa onde só entram dois portugueses: Carlos Pontes e João Cosme.
“Conhecer Carlos Pontes é perceber que o seu ADN é marcado pelas serras e os animais, particularmente o lobo-ibérico (canis lupus signatus)”, diz a biografia que o autor partilhou com O MINHO.
Desde os nove anos que vê lobos em estado selvagem, mas desde os vinte anos que começou a mostrar mais interesse. Os lobos são, hoje, a sua “principal fonte de inspiração”.
Através de exposições, Carlos Pontes quer ajudar a valorizar o lobo como “um elemento crucial não só da biodiversidade regional, mas também da identidade cultural e tradição populares”.
“Desmistificar a falsa ideia do lobo mau pode permitir que as entidades governativas da região vejam na sua imagem e no rico património cultural a ele associado no contexto ibérico uma mais valia para o desenvolvimento económico e turístico”, refere o autor.