O livro “Peabiru – Do Atlântico ao Pacífico, pelo mítico caminho sagrado”, do autor brasileiro Carlos Dominguez, vai ser lançado em Braga esta semana, no dia 2 de junho, no restaurante e espaço cultural Antù, no centro.
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A obra mostra o caminho percorrido pelos indígenas na América Latina antes da chegada dos europeus entre os séculos 15 e 16.
Para produzir o livro, o repórter e editor da Ponga Reportagem de Profundidade, fez pesquisas, entrevistas, viagens e investigações durante cinco anos, e viu de perto através de um “mergulho jornalístico” no ambiente, na natureza, nos povos, nos hábitos, nas tradições dos verdadeiros donos da terra confrontados com a barbárie de 500 anos de colonização, genocídios, roubos e domínio estrangeiro.
“É uma história que fala dos aspetos negativos da colonização. Havia uma grande civilização de povos no continente, e que sofre até hoje com a colonização, então é importante estar no mercado editorial uma informação que não circula nos meios oficiais e na historiografia, e mostra que havia muita cultura, produção de alimentos e outros bens, e a estrada é um símbolo da interligação dos povos que existiam há mais de 2 mil anos”, disse o autor a O MINHO.
O Caminho do Peabiru é um sistema de estradas que ligou as civilizações do litoral Norte do Peru até o berço da cultura Inca, no Lago Titicaca, através da cordilheira dos Andes. A expansão de seu território ergueu vias de pedra em quatro direções até às terras baixas, na Bolívia, Norte da Argentina e do Chile, Paraguai, e o litoral do Brasil, enquanto o centro do continente era dominado pelos guaranis.
Ainda hoje o legado milenar de interações, trocas, festas sagradas e migrações, sintetizado pelas vias do antigo caminho, permanece vivo nas culturas dos povos originários que ainda vivem na rota sagrada do sol e das estrelas.
“Os povos vivem até hoje nos entornos do caminho, sejam nas terras baixas ou no território andino. Utilizam o caminho e também a simbologia e usam isto na sua vivência atual, a cultura dos mitos de criação e na própria definição do humano na ocupação do espaço. Os povos indígenas têm um trato totalmente diferente da terra e do ambiente, e com isto conseguem ter uma harmonia, e não a destruição, o que a colonização branca levou a eles. Até hoje conseguem viver dentro do sistema, mesmo com todas as violências que sofrem há 500 anos, são povos habituados à resistência”, disse o jornalista.
Durante os cinco anos de pesquisas, Carlos Dominguez teve companhia de diversos fotógrafos, tais como Álvaro Pouey, Charles Guerra, Daniela Xu ou Dea Amaral, que registaram imagens do caminho para a obra. O livro é uma reportagem em profundidade, que mistura a investigação científica com uma narrativa de uma epopeia secular, desde o ancestral mundo andino até à chegada dos europeus.
O livro vai ser lançado através da Infinita, editora que se dedica à literatura luso-brasileira há mais de 15 anos e chegou a Portugal em 2017.