Livro conta a história do râguebi em Portugal (e como chegou a Arcos de Valdevez)

De Pedro Sousa Ribeiro
Foto: Federação Portuguesa de Rugby / Facebook

Um “registo histórico” do râguebi português, em 598 páginas, vai ser apresentado na quinta-feira, em Lisboa, com a assinatura de Pedro Sousa Ribeiro, histórico dirigente da modalidade e autor do mais recente livro sobre a mesma.

“O Rugby em Portugal – Do início do século XX a 2020”, publicado pela chancela Sportbook, da Quântica Editora, “traça a história do rugby em Portugal desde os seus primórdios”, indica a sinopse, um passado no qual o autor foi “interventor direto” em vários momentos.

“Como participei em muitas dessas atividades, decidi escrevê-las. E tinha conservado sempre muita documentação a esse respeito. É um registo histórico”, explicou Pedro Sousa Ribeiro, de 83 anos, à agência Lusa.

Presidente da Federação Portuguesa de Rugby, em dois períodos, entre 1975 e 1978 e entre 2000 e 2002, o autor “já tinha idealizado” a obra “há uns anos”, mas foi “no período da pandemia” de covid-19 que iniciou a escrita que “durou cerca de três anos”.

“É um registo mais histórico, com citações de muitos intervenientes, designadamente aquilo que apanhei nos jornais. E [com] alguma visão pessoal minha, em alguns momentos, porque participei em alguns deles”, reforçou o autor.

Dos momentos-chave da história do râguebi português relatados no livro, Sousa Ribeiro destaca “a formação das equipas universitárias, nos anos 50”, assim como “a década de 2000, a partir de 2004, quando Portugal ganhou o Campeonato da Europa”, antes de participar no Campeonato do Mundo, em 2007.

Pelo meio, aconteceu “um segundo momento importante, em 1974/1975, quando houve um plano de desenvolvimento que levou o râguebi a locais onde não era praticado”, tais como “Alentejo, Lousã e Arcos de Valdevez”, entre outros.

“Foi o pós 25 de abril, a criação do plano de desenvolvimento na Direção-Geral dos Desportos, com que a FPR trabalhou em conjunto durante esse tempo. Foi uma inversão àquilo que era feito na altura e teve algumas resistências. Mas, agora, visto à distância, continuo a pensar que foi a decisão correta”, vincou Pedro Sousa Ribeiro.

O plano, na época, visava expandir o râguebi fora de Lisboa, mas há outro “problema que sempre limitou o desenvolvimento da modalidade” em Portugal, que é a “inexistência de campos locais para a sua prática”.

“Um clube que tenha 300 ou 400 praticantes, não pode estar limitado a um campo só, não progride. Vivemos numa presença omnipotente do futebol, que abafa todos os outros, que têm de lutar contra uma força poderosa que ocupa esses espaços todos”, desabafou Sousa Ribeiro à Agência Lusa.

Natural de Braga, Pedro Sousa Ribeiro estudou Engenharia Química Industrial no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, onde foi incentivado a experimentar o râguebi, em 1962, no CDUL.

Acabaria por fundar a equipa de râguebi da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico, em 1963, momento que marcou o início de um percurso de “mais de 60 anos como jogador, treinador, árbitro e dirigente”, lê-se na nota biográfica do autor.

Para além de ter sido presidente da FPR em dois mandatos, foi membro do Comité Olímpico de Portugal, onde desempenhou funções de Chefe de Missão Adjunto nos Jogos Olímpicos de Atenas2004 e Chefe de Missão no Festival Olímpico da Juventude Europeia de Belgrado2007.

 
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