O lider do Partido Livre defendeu hoje que André Ventura não gosta da igualdade perante a lei ou em qualquer outra forma e garantiu que até às próximas eleições legislativas irá fazer campanha pela liberdade e igualdade, inclusivamente nas escolas.
Em declarações à agência Lusa, à margem da inauguração da estátua de Pai Paulino, no âmbito da toponímia de presença africana em Lisboa, e confrontado com as declarações do líder do Chega, que prometeu, caso consiga formar governo, cortar todos os apoios estatais a associações que promovam ideologias e igualdade de género, Rui Tavares apontou que é sabido que “o líder do Chega não gosta da igualdade perante a lei”.
“Aliás, não gosta da igualdade em nenhuma das suas formas. Ele já assumiu até em debate, inclusive com o nosso Presidente da República, em que assumiu que queria segregar os portugueses por etnia durante a pandemia” lembrou o líder do Livre.
Rui Tavares salientou que a igualdade de todos os cidadãos perante a lei está consagrada na Constituição Portuguesa e não só – “Está consagrado no coração de cada um e de cada uma de nós” – e que, por isso “ninguém é mais e ninguém menos do que os outros”.
“Ele não gosta disso e, portanto, evidentemente que um dos seus anseios seria destruir qualquer pedagogia dessa ideia de igualdade”, apontou.
Acrescentou que “ainda bem que há projetos que se vão confrontar durante a campanha eleitoral”, para as eleições legislativas de dia 10 de março, deixando a garantia de que o projeto do Livre “é claramente o da igualdade perante a lei”.
“E transmitir o que isso quer dizer a cada um e a cada uma de nós. Evidentemente na escola também, que é também um espaço que deve ser de igualdade e de liberdade”, defendeu.
Sobre o momento de inauguração da estátua de Pai Paulino, escravo liberto nascido no Brasil e figura popular na Lisboa oitocentista, tal como está descrito na placa na base da estátua, Rui Tavares defendeu que “é muito importante” recuperar a memória da cidade e do país, relativamente ao contributo das muitas pessoas que fizeram de Portugal o país que é hoje.
“Numa época em que vemos tanta gente procurar cavar trincheiras, procurar cavar diferenças, a incitar aos ódios raciais e outros, é reconfortante ver que se está a tentar consolidar uma memória que serve para o futuro”, apontou.
Na opinião do líder partidário, que é também vereador da Câmara Municipal de Lisboa, o facto de a estátua estar colocada no Largo de São Domingos serve para lembrar a memória e o contributo africano para a história de Portugal, afirmando estar “perfeitamente convencido que a maioria dos portugueses é pelo amor e contra o ódio, é pelo respeito e contra a má educação, é pela inclusão e contra a exclusão”.
“É preciso haver quem saiba na política dar voz a esse respeito mútuo, a essa entreajuda, essa solidariedade que nos melhores momentos nós temos como sociedade e que nos tem permitido sair de crises profundas”, sublinhou, dando como exemplo o que se passou durante a pandemia de covid-19.