O porta-voz do Livre considerou hoje que o investimento em defesa é importante, mas não pode ser feito à custa do Estado Social porque a Europa tem várias crises para gerir.
À margem de uma visita à Feira de Barcelos, Rui Tavares considerou que todo o debate em torno da defesa está “muito mal feito”.
“O Livre considera que esses investimentos na defesa são necessários e importantes no momento que estamos a viver, mas há investimentos e investimentos”, referiu.
E, a título de exemplo, o dirigente do Livre considerou que não faz sentido a Europa estar a investir na indústria de armamento norte-americana porque, dessa forma, não se está a reforçar.
Em sua opinião, se isso acontecer, a Europa está a pôr-se numa posição de ainda maior dependência.
Por essa razão, Rui Tavares defendeu a construção de uma comunidade europeia de defesa.
“É que se integrarmos esses investimentos naquilo que é economia europeia, na investigação, no desenvolvimento, na indústria europeia, nos empregos que se criaram na Europa e que, por sua vez, também pagam impostos e têm contribuições para a Segurança Social nós estamos a ajudar a construir Estado Social”, especificou.
Rui Tavares vincou que a Europa tem de levar a sua defesa a sério, mas isso não pode ser feito à custa do Estado Social.
“O modelo social europeu é uma parte essencial daquilo que faz a diferenciação do nosso continente em relação ao resto do mundo. O resto do mundo olha muitas vezes para a Europa como o património que foi construído em torno do modelo social europeu”, frisou.
O dirigente do Livre afirmou a necessidade de os decisores políticos terem sentido de equilíbrio entre os desafios atuais, pedindo que não se destrua o modelo social europeu.
“Nós não temos só uma crise, temos muitas crises, temos uma crise certamente geopolítica global com este aumento do autoritarismo e da agressividade bélica de muitos líderes no mundo, mas também temos uma crise social que cria esta descrença entre pessoas que nós muitas vezes ouvimos quando estamos diretamente com elas”, disse.