O Livre tem cinquenta candidaturas às eleições autárquicas de outubro, metade resultantes de coligações à esquerda, tendo como objetivos aumentar a sua implantação local e travar a extrema-direita.
Nas eleições autárquicas de 2021, o Livre atravessava um período conturbado: depois de em 2019 ter elegido pela primeira vez uma deputada para a Assembleia da República, o partido ficou sem representação parlamentar quando Joacine Katar Moreira perdeu a confiança política e passou à condição de não inscrita.
Nessa altura, Rui Tavares avançou para as eleições autárquicas e chegou a vereador na Câmara Municipal de Lisboa. Isabel Mendes Lopes, hoje porta-voz e líder parlamentar, assumiu o mandato na Assembleia Municipal da capital.
No total, o Livre conquistou oito eleitos locais, que mantém até hoje: um vereador em Lisboa, um deputado municipal em Lisboa, Oeiras, Felgueiras e Vila Real de Santo António e três membros nas assembleias de freguesia de Penha de França, Lumiar e Carnaxide e Queijas.
Nas legislativas de 2022, Rui Tavares foi eleito para a Assembleia da República e inicia-se uma trajetória eleitoral ascendente para o partido, que hoje conta com uma bancada de seis parlamentares e é a força política à esquerda que mais somou votos nas legislativas deste ano, atrás do PS, ultrapassando forças como o BE e o PCP.
Em 2021, o partido que sempre advogou pela convergência à esquerda tentou formar coligações pelo país, mas conseguiu apenas três: em Oeiras com BE, Volt e o movimento independente “Evoluir Oeiras”; em Felgueiras com o movimento independente “Sim, Acredita” e PS; e em Lisboa com o PS, e dois movimentos independentes.
Este ano, segundo fonte oficial do partido adiantou à Lusa, de um total de cinquenta candidaturas, o Livre conta com 25 coligações à esquerda, sendo as suas grandes apostas Lisboa (encabeçada pela socialista Alexandra Leitão, que junta PS, Livre, BE e PAN), Sintra (com a socialista Ana Mendes Godinho a ser apoiada pelo PS e Livre) e Porto, onde o partido candidata o dirigente Hélder Sousa.
No total, o Livre vai coligado com PS, BE e PAN em Lisboa, Albufeira e Ponta Delgada; apenas com o PS em Felgueiras e Sintra; com o PAN e o PS na Póvoa de Varzim e na Trofa; com os independentes (Cidadãos por Coimbra), PS e PAN em Coimbra; com o movimento independente “Evoluir Oeiras”, BE e o Volt a Oeiras; com o BE e o PAN em Cascais, Figueira da Foz, Leiria, Loures, Odivelas, Portimão e Silves; e apenas com o BE em Almada, Barreiro, Castelo Branco, Loulé, Odemira, Santarém, Seixal e Vila Nova de Gaia.
Apresenta ainda listas próprias à Amadora, Aveiro, Barcelos, Braga, Caldas da Rainha, Entroncamento, Faro, Funchal, Gondomar, Lagos, Matosinhos, Montijo, Oliveira de Azeméis, Paços de Ferreira, Penafiel, Peniche, Porto, Rio Maior, Santa Maria da Feira, Sesimbra, Setúbal, Tomar, Viana do Castelo, Vila Franca de Xira e Vila Real.
Nenhum dos deputados na Assembleia da República será candidato autárquico.
A mudança de paradigma no que toca a alianças à esquerda nestas autárquicas (excetuando o PCP) foi notada pelo porta-voz do partido Rui Tavares: “Vê-se que há uma mudança muito real na política autárquica à esquerda”, afirmou no passado mês.
“Com o aparecimento do Livre e com a relevância que o Livre ganhou na política portuguesa, na verdade há muitas coligações nas esquerdas”, realçou, salientando também a importância de combater “uma direita que está em radicalização e cada vez mais reacionária”.
No que toca a objetivos eleitorais, o Livre quer “crescer em eleitos” e ajudar “a travar a ascensão da extrema-direita no poder local”.
“Portugal e as suas terras não podem cair na armadilha da política fácil, da política que divide em vez de unir, que apenas critica e grita e não apresenta propostas. Um dos objetivos do Livre é precisamente contribuir com eleitos e propostas para que o futuro seja mais justo, inclusivo, ecológico e tendo sempre em mente que é para as pessoas que trabalhamos”, adiantou o partido à Lusa.
As eleições autárquicas estão agendadas para 12 de outubro.