A liquidação do grupo têxtil Ricon, de Vila Nova de Famalicão, que emprega cerca de 600 trabalhadores, começa a ser discutida na terça-feira, com as três primeiras assembleias de credores, disse esta segunda-feira fonte ligada ao processo.
Segundo a fonte, a proposta do administrador de insolvência aponta para a liquidação do grupo, depois de ter sido feito “tudo” para encontrar outra solução.
“Foram tentados todos os cenários, mas não se vislumbra outra solução que não seja a liquidação, porque o grupo não tem fluxos que lhe permitam assegurar o pagamento dos encargos”, acrescentou.
O grupo Ricon é composto por oito empresas e detém a rede de lojas Gant em Portugal.
Em dezembro, o grupo “culpou” a Gant pelo seu “estrangulamento” financeiro, mas a administração manifestava-se “empenhada” em encontrar uma solução que viabilizasse a continuidade das empresas que o compõem e salvaguardasse “a grande maioria” dos postos de trabalho.
Em comunicação então enviada aos trabalhadores, a administração do grupo anunciava a apresentação à insolvência, com “o propósito de apresentar um plano de recuperação”.
Um plano que, adiantava, apenas seria possível no caso de as negociações com o principal parceiro (Gant), os bancos e outros eventuais investidores se revelarem frutíferas
No entanto, as negociações não surtiram efeito.
“Nas assembleias de credores que começam amanhã [terça-feira], não está em causa uma solução de reestruturação da dívida mas sim um cenário de liquidação”, sublinhou a fonte hoje ouvida pela Lusa.
Segundo a administração do grupo Ricon, a “culpa” do estrangulamento financeiro a que chegou é da Gant, o principal cliente do grupo, desde logo por recentemente ter decidido “reduzir acentuadamente” as encomendas.
Por outro lado, e ainda segundo a administração, a Gant passou a exigir o “pagamento imediato” da totalidade da dívida vencida proveniente dos fornecimentos ao setor do retalho.
Isto provocou “uma quebra acentuada” quer na produção quer nas vendas do Ricon e um consequente “estrangulamento inultrapassável” da sua tesouraria, o que, por sua vez, “afetou a capacidade de o grupo cumprir com as suas obrigações com os seus diversos credores, nomeadamente com a banca”.