O presidente da concelhia de Barcelos do PSD, que se demitiu ontem depois de aquele órgão ter chumbado o seu nome a candidato à Câmara, disse esta terça-feira, numa nota partilhada nas redes sociais, que o fez por não ter conseguido romper “com interesses instalados” como se tinha proposto.
Bruno Torres, que é também presidente da Junta de Freguesia de Galegos Santa Maria, começa por agradecer a quem o apoio “ao longo deste mandato” – tinha sido eleito presidente da concelhia em julho do ano passado. “Por todo o concelho fui recebendo, constantemente, palavras de incentivo e resistência, facto pelo qual estou eternamente grato”, realça.
O presidente demissionário refere que apresentou “um projeto de renovação para o PSD que colheu a melhor aceitação dos militantes” e, com “espírito reformista”, empenhou-se “na abertura do partido à sociedade, às novas gerações e a todos aqueles que querem um novo destino para Barcelos”.
“Propus-me a trazer para Barcelos um projeto de mudança, rompendo com interesses instalados, promovendo um novo ciclo com oportunidades para todos”, salienta. O também presidente do Santa Maria FC refere que quis protagonizar “uma mudança para Barcelos, mas não uma mudança qualquer, em que apenas se alteram figuras ou partidos”.
“Propunha uma mudança que elevasse a ação política, mobilizasse todos. Um projeto focado unicamente nas questões que, verdadeiramente, preocupam e afetam os barcelenses”, acrescenta.
Mas, no seu entender, considera que tal não foi possível: “Peço desculpa a todos aqueles que ficam desiludidos por não ter atingido o objetivo a que me propus”.
Mas deixa a “certeza” de que sai como entrou: “De cabeça erguida por nunca ter cedido nos princípios e valores em que acredito. Não quero, e de nada serve para Barcelos, o poder pelo poder”.
Dizendo estar “na política sem amarras” e com a “convicção de que o poder de nada serve se não tiver como único propósito o serviço público”, Bruno Torres diz que sai “sem mágoas ou ódios”.
“Continuarei a ser o mesmo, sempre com uma postura positiva, construtiva e agregadora. Regresso à minha base, continuando a dedicar-me com a máxima entrega à minha comunidade que me acarinha todos os dias. É um privilégio trabalhar pela minha terra”, conclui.
Votação perdida por um voto
Como O MINHO noticiou, Bruno Torres demitiu-se, esta segunda-feira, desagradado com o processo de escolha do candidato à Câmara. Ao que O MINHO apurou, em causa está o facto de a comissão política concelhia, que se reuniu no domingo, ter rejeitado indicar o seu nome a candidato à Câmara, numa votação que terá perdido por apenas um voto.
O processo de escolha de candidato à Câmara, que foge ao PSD desde 2009, está envolto em polémica.
Além de Bruno Torres, querem também ser candidatos Domingos Araújo (candidato em 2013) e Mário Costantino (candidato em 2017).
Em votação na concelhia o nome de Bruno Torres foi o mais votado; entre os presidentes de Junta, o preferido foi Domingos Araújo; e na sondagem realizada pelo concelho, Mário Constantino foi o vencedor, secundado, por uma margem muito curta, por Bruno Torres (Francisco Dias da Silva, presidente do Gil Vicente, e Domingos Araújo, respetivamente, ficaram mais atrás).
Ora, considerando que a diferença na sondagem é curta e anulada pela margem de erro técnico, e como estava em primeiro na primeira votação da concelhia, pelos critérios que teriam sido acordados, Bruno Torres considera estar em vantagem.
Contudo, esse entendimento não terá colhido na reunião de domingo da concelhia, que foi bastante dividida, levando o presidente da concelhia a demitir-se.